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O 5G ESTÁ CHEGANDO!

Se você escreveu um bilhete num guardanapo com uma esferográfica vagabunda no ano 2000 e guardou, pode pegar e ler o que escreveu sem problemas. Se você digitou a mesma coisa no editor de textos mais foda que havia na época, e arquivou, provavelmente num disquete, quero ver conseguir ler. Se o disquete ainda funcionar, você vai precisar se equipar de um nerd fuçador de bits pra conseguir ler o tal arquivo. Pois é, eu tenho uma cacetada de fotos minhas até o advento da máquina digital. A partir daí eu sei que estão todas no computador, mas onde? Em que computador? Cada vez que uma nova revolução acontece na informática, lá se vão embora os arquivos antigos, e o pior é que as revoluções acontecem a cada três meses.
A nova revolução que está chegando é a do 5G. Mais uma vez ouvimos milhões de promessas de melhoria de vida. Tudo vai ser foda, tudo vai ser mais rápido, incrivelmente acelerado. Assim que o 5G começar a funcionar vamos ter que trocar de celular rapidinho, contratar em alta velocidade um novo serviço de wifi de alta velocidade. Tudo muito rápido.
Além da possibilidade de postar dancinhas no TikTok , piratear séries e divulgar fake-news em tempo recorde, o 5G também vai propiciar a chegada da internet das coisas. Carros autônomos, ônibus sem motoristas, aviões sem pilotos, geladeiras e torradeiras inteligentes, a gente nem mais vai lembrar de como eram as coisas sem internet. Mas apesar da velocidade do 5G, a revolução ainda vai demorar um pouco para acontecer. E pela nossa experiência brasileira, até que o 5G funcione mesmo de verdade, a internet das coisas será apenas a internet nas coxas.

PAPO DE BOTEQUIM

Os dois num bar, sentados frente a frente. Não se falam , de olho em seus celulares. De repente um dos dois se dá conta:
– Você já reparou que a gente está aqui há um tempão e não se falou nem um instante?
– Eu falei, te mandei uma mensagem.
– Estou falando de conversar, olho no olho.
– A gente pode se falar pelo Facetime.
– Não, sem o celular.
– Aaaah!

– Tá bom. 5 minutos sem celular. Topa?
– Beleza.
– Vamos falar de quê?
– Sei lá.
– Dá uma ideia de um assunto aí.
– Dá você.
– Que mensagens você estava trocando com seus amigos?
– Ah, eu estava perguntando se tinham visto a foto que eu postei no Instagram.
– Que foto?
– De você na minha frente mexendo no celular.
– Você tirou uma foto minha?
– Tirei. Achei engraçado você olhando direto pro celular.
– Eu não vi quando você tirou a foto.
– Claro que não , você não tira os olhos do celular.
– Tudo bem… e o que a galera comentou sobre a foto?
– Acharam engraçado a gente estar aqui sentado frente a frente sem se falar.
– Você também achou engraçado?
– Achei.
– E o que você disse pra eles?
– Ah, sei lá, disse que também estava achando engraçado.
– Tipo kkk , rarárá …
– Hashtag rialto
– Ri alto? Mas eu não escutei você rindo alto
– Eu ri alto por dentro, aqui no celular.
– Ah, então você estava rindo de mim na minha frente.
– Eu não estava rindo na sua frente, estava rindo no Facebook.
– Mas rindo de mim!
– Eu não estava rindo de você. Estava rindo da situação.
– Podia ter comentado isso comigo.
– Eu te mandei uma mensagem. Você é que não viu.
– Foi mal. Eu estava ocupado trocando umas mensagens com o meu grupo da faculdade.
– Estava ocupado falando o quê?
– Que eu não podia falar com eles porque estava aqui no bar com você.
– Mas você não estava falando comigo…
– Porque estava ocupado digitando pros meus amigos.
– E se você falasse comigo tipo… com a boca?
– É…


– Já passaram os 5 minutos?

O VALOR DO BLOCK

O block nas redes sociais sempre foi muito bem-vindo. Às vezes não há solução melhor a se tomar a não ser despachar de vez a mala de sua timeline com um block em sua cara.
Em algumas ocasiões você ainda tenta manter uma conversa civilizada com uns pentelhos negacionistas nas redes sociais, mas com certos caras é impossível, não se consegue nada além de aumentar a agressividade da mala sem alça. Então, depois de algum tempo, quando você finalmente se convence que seus argumentos não são tão geniais a ponto de fazer o sujeito mudar de opinião, a solução que se impõe é mesmo bloquear a figura, que, como mágica, some de sua timeline. Nestes momentos o block no Face ou no twitter pode ser libertador, em todos os sentidos.
Foi o que fiz com um cara, bloqueei ele em todas as redes sociais, mas o problema é que que eu conhecia o sujeito fora da internet. E , pior, ele morava perto de mim. Não demorou muito e nos encontramos quando fiz algo que venho fazendo muito pouco há mais de um ano: saí na rua.
– Você me bloqueou! – Foi a frase do cara que serviu de cumprimento.
– É verdade. Foi mal. Isso acontece…
– Não acontece não. Isso é muito grave. Você me tirou do seu círculo de amizades.
– Só no Twitter.
– No Facebook, no Insta e Whatsapp também!
– É… Mas é que a gente pensa de maneira muito diferente e eu não estava curtindo muito as suas postagens.
– Precisava Bloquear?
– Mas você fazia comentários absurdos nas minhas postagens!
– Qual é o problema? Não pode discordar de você? Tu é de vidro, quebra se não concordam contigo?
Resultado: Discutimos em plena rua. Aos berros. E a discussão ainda piorou quando o sujeito tirou a máscara para que seus gritos fossem mais bem entendidos. Gritei para ele colocar a máscara de volta e como resposta ele se aproximou ainda mais e passou a falar cuspindo, só de sacanagem. Ainda tentei pegar o meu celular e ver se os gênios lá do Silicon Valley já tinham incluído uma opção de bloquear as pessoas na vida real, mas ainda não rola. Esses nerds definitivamente estão muito atrasados.

MUDANÇAS NA PANDEMIA

A pandemia ainda não tem data para acabar , mas já dá para constatar que todas as previsões dos especialistas de várias áreas não se cumpriram. O ser humano não ficou mais solidário, nem menos egoísta, continuamos os mesmos, mas algumas coisas que já estavam acontecendo, aceleraram e outras que ninguém pensou, aconteceram:
– Fim dos ferros de passar – Ninguém mais passa as roupas. O ferro de passar em pouco tempo será uma relíquia que ninguém mais vai saber pra que serve.- Dinheiro – Lá fora uso do dinheiro vivo já estava em declínio antes da pandemia, e com as pessoas ficando em casa por conta do vírus, comprando tudo pela internet , as notas de papel foram ainda menos usadas. Só turista brasileiro pagava tudo com dinheiro no exterior e sem brazucas viajando, as notas escassearam de vez. No Brasil o caso é outro , já que aqui, dinheiro vivo em malas ou cuecas parece que nunca vai sair de moda.
– O fim das calças sociais – Com a proliferação de reuniões e encontros virtuais, a necessidade de se colocar calças para acompanhar os ternos e gravatas se tornou completamente desnecessária.
– Moletons – Ao contrário das calças sociais, as calças de moletom entraram em alta, tudo se faz com elas. Não duvido nada que assim que os trabalhos voltarem a ser presenciais, as pessoas continuem a usá-las na parte de baixo, mesmo que super vestidas da cintura para cima.
– Sapatos – Muitas gente desaprendeu a usar sapatos e quando precisou calçar um par de sapatos , ficou cheio de calos, com os pés clamando pela sandália companheira de toda a pandemia.
– Novas palavras – Em toda crise algumas palavras saem das sombras e tomam as ruas. Foi o caso de quarentena, lockdown, live ou cloroquina. E outras que a gente ouvia, acaba tendo um significado diferente. Protocolo antes da pandemia era só aquele número enorme que nos davam quando a gente ligava para pedir algum serviço. Agora o tratamento tem protocolo, o atendimento tem protocolo, tudo tem protocolo e não é um número gigante. Outra palavra que está sendo muito usada é variante. Tem variante alfa, beta, gama e de outras letras gregas. Para mim, até a pandemia variante era isso:

CONVERSA NO CELULAR

ESSE TEXTO FAZ PARTE DO MEU E-BOOK “RINDO NAS REDES SOCIAIS”:

Eu estava na fila do caixa eletrônico, quando chegou uma moça colada em seu celular, conversando em altos brados. Como a fila era grande e lenta, eu e todos os integrantes da fila fomos obrigados a escutar a conversa da moça, ou pelo menos o seu lado da conversa. A moça gritava impropérios, acusando uma amiga de ser metida a besta, porque passou por ela e não a cumprimentou direito. Depois de uns cinco minutos acompanhando, resolvi dar o meu palpite:
– Acho que você está sendo injusta com a sua amiga – falei.
A moça do celular estranhou. Mas continuou sua conversa no celular. Repeti:
– Eu acho que você tá sendo injusta com a sua amiga.
– Você tá falando comigo? – ela me perguntou.
– Estou. Estou dando a minha opinião sobre o assunto.
– Como assim? Por que o senhor acha que pode entrar assim nos meus assuntos particulares?
– Porque eu estou aqui há um tempão escutando a sua conversa e tenho o direito de participar também.
– Não! O senhor não pode participar da minha conversa. É assunto particular.
– Nesse volume que a senhora está falando , a sua conversa não pode ser particular, ela é pública.
– A minha conversa não é pública, é particular.
– Claro que é pública. Eu já sei que a sua amiga é metida a besta , que ela está gorda, que não sabe se vestir, sei até que o marido dela é corno.
– Eu não disse isso, eu disse que acho que ele é corno – ela percebeu que estava me dando conversa e voltou a atacar – o senhor não tem nada a ver com isso!
– Eu não tinha nada a ver com isso, mas como a senhora está aí falando alto tudo isso sobre a sua amiga , eu já me considero íntimo dela, e quero dar o meu palpite. Aliás , eu só não, todo mundo aqui na fila quer participar, não é gente?
– Éééé! – As pessoas da fila responderam fazendo um corinho.
Uma senhora que estava atrás de mim se animou:
– Eu não concordo com ele. – apontou pra mim.
– Tá vendo. – A moça do celular falou – Nem todo mundo é como o senhor. Ela sabe que a minha conversa é particular.
– Não, com isso eu concordo com ele, a gente já está sabendo de tudo da vida da sua amiga. O que eu não concordo é que eu acho que você está sendo justíssima, amiga besta tem que ser maltratada mesmo.
– Eu não acredito ! – A moça resolveu voltar a falar com a interlocutora no telefone, fingindo que não era com ela – Você acredita que as pessoas aqui da fila querem dar palpite na nossa conversa?
A interlocutora do outro lado falou alguma coisa.
– O que ela acha? – Eu perguntei.
– Não interessa! – A moça respondeu ríspida.
– Claro que interessa! Nós queremos participar da conversa também.
– É, a senhora não está sendo democrática, mocinha! – Foi uma outra senhora da fila que falou.
– É verdade. Coloca a sua amiga no viva-voz senão a gente não consegue participar direito da conversa.- Um rapaz propôs.
Todos concordaram e começaram um corinho:
– Viva-voz! Viva-voz! Viva-voz!
Desta vez a moça não respondeu. Nem colocou seu celular no viva-voz para atender aos pedidos do povo da fila. Ela simplesmente desistiu da fila do caixa eletrônico e foi embora. Sem desligar o celular, é claro.

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PALAVRES, PALAVRXS E PALAVR@S

A moda de falar TODES para incluir todes es genêres, em vez de ser inclusiva acaba sendo exclusiva. Porque se temos o TODOS, O TODAS e agora o TODES, como é que ficam o TODIS e o TODUS? Por que o Todis e o Todus ficaram de fora? Quer dizer, de foro, ou melhor, de fore?
Assim como a gente brincava da língua do P quando éramos crianças, alguns adultos querem brincar da língua do E. Assim todes es pessoes podem ser incluídes nes converses porque todes es gêneres estãe representades nesse palavre. O problema é que quase ninguém entende o que eles falam. Opa! O eles ficou no masculino mesmo tendo um “e”! Tá, então elxs nãe entendem.
Pois é, também existe a língua do X. É nela que se encontram os amigxs. Mas amigxs também acaba excluindo. Onde é que ficam todas as outras consoantes? Por que só o “x” pode fazer parte dxs suxs amizadxs? E os amigbs, amigcs, amigds, amigfs e todo o resto, onde é que ficam?
E ainda tem a língua do @. Quem chama de amig@s, também acaba criando um problema de gênero, mesmo sem querer, já que o arroba não é tão neutro quanto parece. O @ é escrito com um “a” dentro de um círculo, portanto os orrobas (“o” dentro de círculos) estão excluídos. O certo para se manter neutro seria usar um erroba (“e” dentro de um círculo). Para não falar dos irrobas e urrobas.
Mas tudo isso não me parece ajudar em nada na luta contra o preconceito, acaba sendo uma tremenda forçação de barra. Aliás, Forçação é uma palavra tão forçação de barra que tem dois cês cedilhas. Ou cê cedilhes, cê cedilhxs e cê cedilh@s.

PENSANDO FORA DA CAIXA

Existem algumas expressões que estão na moda. Outras que não saem de moda. Outras que são queridinhas de coaches e palestreiros. Entenda o real significado das expressões mais em uso, quando elas são ditas em determinadas situações:

“É preciso pensar fora da caixa”- Quando um deputado do Centrão diz ao outro para pensar fora da caixa, ele só está avisando que na próxima votação não tem caixinha, tem que pensar para votar.

“Tem que sair da zona do conforto” – Quando a mãe do adolescente diz que ele tem que sair da zona de conforto ela só está mandando ele arrumar o seu quarto.

“Nunca desista dos seus sonhos” – É que diz o médico quando prescreve um remédio para curar a insônia do paciente.

“Não sabendo que era impossível foi lá e fez” – Disse o detento depois de ser preso ao tentar roubar um banco usando apenas uma faca de cozinha.

“A vida é feita de escolhas” – Foi o que disse o inventor da pizza com borda de coxinha.

“Em toda crise há uma oportunidade” – Foi o que disse a mulher para o marido, apontando para a pia lotada de louças sujas.

“Samba , suor e cerveja” – Quando perguntaram ao velho roqueiro bebedor de cachaça porque ele foi embora cedo do pagode, ele respondeu: É porque ali só tinha samba, suor e cerveja”.

LEMBRANÇAS SEM SENTIDO

Toda vez que eu passo pela linha Vermelha, em direção ao túnel Rebouças, passo por um conjunto de prédios e sempre me lembro de um sujeito que serviu comigo no CPOR que no primeiro dia conversou comigo e disse que morava ali. Quase não falei mais com o cara no resto do ano e não lembro o nome dele. E sempre que passo por aqueles prédios e tenho essa lembrança eu me pergunto: Pra que lembrar desse fato que aconteceu há tanto tempo?
—–
Enquanto isso, lá dentro do meu cérebro…
– Ahn, até que enfim te encontrei!
– Quem é você?
– Eu sou o “neurônio fiscal das lembranças sem sentido”. Estou te procurando há anos!
– Mas o que que eu fiz?
– Nada. Exatamente por isso eu estou te procurando. Você está há mais de 40 anos guardando uma lembrança que não tem a menor importância. Ocupando espaço de memórias mais relevantes.
– Eu acho essa lembrança legal. Eu estou só cumprindo o meu papel, sou o neurônio que lembra que quando o Beto serviu o exército, ele conheceu um sujeito que morava naquele prédio.
– Mas o Beto nem ficou amigo do cara! Eles só conversaram no primeiro dia, depois mal se viram! Para que você está guardando isso?
– Ah, é legal lembrar dos tempos de CPOR.
– Legal nada! Ele não gostou de servir o exército. Perdeu um ano da faculdade!
– Então é bom lembrar que nem tudo é legal na vida e…
– Pode parar! Eu sei muito bem que você está aqui se escondendo há décadas, vivendo no bem bom, guardando essa lembrancinha sem sentido e gastando energia à toa! Pode esquecer isso. Trata de guardar outra lembrança! Vamos trabalhar!
– Tá, mas é que eu já estou apegado a essa lembrança…
– Não interessa! Esquece esse negócio! Ou lembra outra coisa, ou então eu vou te desligar!
—–
Ontem eu passei de novo na linha Vermelha e me lembrei de novo desse meu colega de CPOR. Acho que o “neurônio fiscal de lembranças sem sentido” não se lembrou de desligar o tal neurônio que guarda essa memória. Mas, pensando bem, fiscalização no Brasil nunca funcionou, não seria dentro do meu cérebro que iria funcionar!

FAKE OLDS

As fake-news mais famosas do mercado atualmente não são mais news há um tempão, mas os seus divulgadores continuam repetindo como se fossem. Na maioria dos casos , as fake-news já são antigas, já deveriam ser chamadas de fake-olds ou fake-very-olds ou fake-almost-deads!
Por exemplo, já se sabe desde meados do ano passado que a cloroquina não tem efeito nenhum para quem tem covid, mas os cloroquiners continuam repetindo que ela funciona. Para se contrapor, a galera grita que isso é fake-news. Fake-news nada! Fake-news é uma expressão muito bonitinha para tamanha mentira. O certo é dizer que é um mentira da braba! Que é sacanagem, invenção, caô, negacionismo! Escolha a sua expressão.
As Fake-news só mereceriam esse nome quando são lançadas, quando ainda fingem que são notícias, no caso falsas. Depois que elas são repetidas milhares de vezes pelos bot e replicadores de plantão, elas já não são mais news, passam a ser única e exclusivamente Mentiras!
Essa expressão importada, fake-news, é uma das maiores fake-news já criadas. Apenas uma maneira perfumada de dizer que algo é uma tremenda mentira. Se for o caso de a expressão continuar sendo em inglês para tentar manter o seu status, seria melhor passar a chamá-las de Fucking-lies.
Portanto, chega de Fucking-lies!