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REPÚBLICA FEDERATIVA DO PAU

O Brasil deve o seu nome a uma árvore: o pau-brasil.
Mas logo esqueceram do pau e ficou só Brasil.
Então, já que Brasil parece mesmo que não deu certo, não seria o caso de inverter isso, eliminar o Brasil do nome e tentar chamar só de Pau? República Federativa do Pau?
Onde você mora? Eu moro no Pau. Sou Pauleiro (para diferenciar de paulista).
Sim, eu sei que se trata de um nome fálico, que vai desencadear uma saraivada de piadinhas e sacanagens, mas se a gente pensar bem, só quem liga a palavra Pau ao órgão masculino somos nós mesmos, os brasileiros. Fora daqui ninguém liga pra isso. Nem português, que fala uma língua muito parecida com a nossa, chama o pau de pau. Americanos, europeus, africanos e asiáticos não tem a menor ideia de que Pau possa ter esse significado. (Aliás, se o Putin soubesse com o que parece o nome dele em português, talvez desistisse de invadir a Ucrânia e bombardeasse o Brasil)
De minha parte, eu não vejo problema com esse nome, acho que Pau seria uma boa. Uma nova tentativa de começar tudo de novo. Vai que dessa vez dá certo?
E talvez, Pau tenha tudo a ver com o nosso país. Afinal, Pau que nasce torto, nunca se endireita.
E somos um país que é Pau pra toda obra.
Que tem belezas a dar com o Pau.
Que mata a cobra e mostra o Pau.
E se vier falar mal da gente, nós taca o Pau!

CONVERSA COM O MERCADO

Encontrei com o Mercado Financeiro. Apesar de ele não largar do celular nem um minuto, conseguimos bater um papo:

– Oi, Mercado, tudo bem?
– Não sei, está tudo bem? – Ele gritou no celular: Então compra!
– Não , calma, é uma pergunta retórica.
– Ah, tá. – Berrou de novo no celular: Então vende!
– Andam dizendo que você está abandonando o barco.
– O barco está afundando? – No celular: Vende as ações de empresas de navegação!
– Eu estou falando do barco do governo.
– O governo tem barco? Ele está comprando barcos? – No celular: Compra ações de empresas de navegação!
– Você não está entendendo. Eu quero saber se você ainda apoia o governo.
– Por que? Os apoios estão em alta? O que é que apoia? Já sei! Estruturas metálicas! – No celular: Compra ações de empresas de estruturas metálicas!
– Eu queria saber mesmo é se você não está preocupado com o futuro do país.
– Claro que sim. Eu estou sempre preocupado com o futuro do país. Porque se eu souber que o futuro do país vai ser bom, eu compro. Se for ruim, eu vendo!
– E essa radicalização geral, não te deixa nervoso?
– Sim, quem é que não fica nervoso? Alías, você acabou de me dar uma boa ideia. – No celular: compra ações de empresas farmacêuticas! Os ansiolíticos vão bombar!

TUDO ACABA EM PIZZA

Nesses dias em que o Centrão domina o Congresso e manda em Brasília, um deputado resolveu levantar uma questão numa sessão qualquer da Câmara:
– Será que no Brasil tudo tem que acabar em pizza? Até quando os desmandos, as jogadas e as maracutaias nesse país continuarão terminando em pizza? É preciso dar um basta a essa situação!
– Eu concordo com o nobre colega. – Tomou a palavra outro deputado – Eu, como deputado, considero fundamental que se discuta essa questão. Afinal, por que pizza? Pizza  não é um prato típico do Brasil. Pizza é um prato italiano. Já a feijoada sim é um prato que está na mesa dos brasileiros. Então façamos algo que tem mais a ver com o nosso país. Proponho que se inaugure um novo tempo: Que a partir de agora tudo acabe em feijoada!
Então vários deputados começaram a discutir:
– Nobre colega. Concordo com vossa excelência no que se refere a pizza não ser um prato tipicamente brasileiro, mas por que feijoada? O que o brasileiro gosta mesmo é de fazer churrasco. Por que não acabar tudo em churrasco? Imagine o estimulo que isso daria a nossa economia com o aumento do consumo de carne, a geração de empregos no setor agropecuário e o incentivo que isso daria a formação de novos churrasqueiros? Definitivamente, chega de pizza! Que tudo acabe em churrasco!
– O companheiro está propondo isso, porque é do Rio Grande do Sul e está puxando a brasa para a sua sardinha, ou melhor, para o seu churrasco. Como sempre os estados empobrecidos do Nordeste ficam de fora da festa. Eu proponho que se dê um estímulo ao sofrido Nordeste e a partir de hoje, que tudo acabe em buchada de bode!
– O que os nobres deputados estão dizendo ao povo brasileiro? Que se encham de gordura comendo pizzas, churrascos ou buchadas de bode? Que aumentem o seu colesterol e fiquem cada vez mais obesos? Não, de jeito nenhum! Precisamos passar uma mensagem ao povo. Que a partir do hoje tudo acabe em salada verde e comida sem glúten!
– Bobagem! O que precisamos é acabar com o nosso complexo de vira-lata! Por que comer comidas popularescas? Precisamos passar uma mensagem de que estamos caminhando para o primeiro-mundo, de que estamos inseridos no mercado global. É preciso que tudo acabe em alta gastronomia. Que tudo acabe em “Fagiano al Forno con Tartufo Nero”, que aliás, é uma delícia e custa caríssimo!
– E não vamos nos esquecer do vinho francês! – Acrescentou um correligionário.
A partir daí o pau quebrou. Cada um tinha uma opinião diferente e depois de duas horas de acirrada discussão a sessão acabou sem que se chegasse a nenhuma conclusão. Então, os deputados foram comemorar o fim do expediente ao redor de uma bela pizza calabresa.

JABUTI NÃO SOBE EM ÁRVORE

Lá no meio do Cerrado, em meio a um incêndio devastador, sobrou apenas uma árvore. Completamente desfolhada, totalmente queimada, apenas galhos cinzentos e retorcidos, mas ainda de pé. O passarinho, pousado naquela última árvore da região, olhou para o lado e viu um macaco.
– Tudo bem, macaco?
– Tudo certo. Graças a Deus consegui subir nessa árvore, senão ia queimar os meus pés lá embaixo.
– Eu também! – Disse a onça.
– Caramba, tem uma onça nessa árvore! – Assustou-se o passarinho.
– Fica tranquilo passarinho, não vou te comer não. – Disse a onça – Estou solidária às vítimas da queimada.
– Eu também. – Disse a cobra.
– Ai, meu Deus, uma cobra! – Assustou-se o gato.
– Vocês juram que não vão comer ninguém mesmo? – Perguntou a preguiça?
– Fica tranquila, preguiça. – A cobra falou.
– Essa árvore está muito cheia, será que ela vai aguentar o peso de todo mundo? – Perguntou o jabuti.
– Jabuti? O que você está fazendo aqui? – Estranhou o gato.
– É, jabuti não sobe em árvore! – Disse a onça.
– Por quê? Vocês queriam que eu ficasse lá embaixo queimando as minhas patas?
Foi essa a história que o sujeito em Brasília contou para justificar que nos dias de hoje no Brasil , jabuti está subindo em árvore direto!

BONS COSTUMES

Os apoiadores do presidente dizem defender a família e os bons costumes. Mas segundo as normas conhecidas dos bons costumes, não se deve falar palavrão em público. Para essa norma os apoiadores não estão nem aí. Assim como o presidente, eles cagam para isso.
– Mas não se pode nem falar uma merda de um palavrãozinho? Puta que pariu! Por quê? – Pergunta o apoiador dos bons costumes.
– Porque o ocupante do cargo de presidente da república deveria prezar pelo decoro.
– Ora, foda-se o decoro! Como é que o presidente vai responder as perguntas que ele não consegue responder sem enfiar um palavrão no meio?
– Talvez fosse mais condizente com o cargo se ele…
– Tô cagando pra isso! Tá com vontade falar palavrão, fala, caralho! – responde o conservador, apoiador do presidente, que é a favor dos bons costumes.
Portanto, a partir de agora falar uma caralhada de palavrões em público parece que já faz parte das novas normas dos bons costumes dos apoiadores do presidente a favor dos bons costumes. Aguardando preocupado as próximas mudanças nos conceitos.

PALAVRAS FORA DE MODA

A minha geração, pessoas que nasceram no final dos anos 50, início de 60, conviveu com algumas palavras que a galerinha hoje em dia praticamente não conhece. Eu , por exemplo, durante toda a infância e adolescência tive que ouvir que era um IMPRESTÁVEL. Era só não fazer alguma tarefa em casa , o que , confesso que acontecia bastante e lá vinha um “que menino IMPRESTÁVEL!”
Outra palavra que me acompanhou pela infância foi ESGANADO. Eu era muito ESGANADO. Era só a travessa de bife ser posta na mesa , que eu atacava e lá vinha: “Deixa de ser ESGANADO!”
Outra palavrinha muito usada naquela época era ATENTADO. Mas não no sentido atual, ligada a bombas e terrorismo, que naquela época isso não era muito comum. ATENTADO era o menino que era muito levado. “Que menino ATENTADO!” , era a frase que os jovens que aprontavam mais escutavam. Bom, eu não fui um menino ATENTADO, mas ESGANADO E IMPRESTÁVEL eu fui.
E hoje em dia um presidente IMPRESTÁVEL, muito ATENTADO e ESGANADO por se reeleger provoca um ATENTADO contra a saúde pública.

A SÍNDROME DO “DAQUI A TRÊS MESES”

Além de todos os males que a pandemia nos tem causado, uma outra doença tem acometido os brasileiros, é a Síndrome do “daqui a três meses”.
Assim que a pandemia começou, todos nos assustamos, mas nos convencemos de que aquela estranha doença duraria pouco e “daqui a três meses” tudo voltaria ao normal.
Passaram três meses e a pandemia só piorava, tudo fechado, hospitais enchendo, mas avaliamos que a pandemia logo passaria porque já estavam começando a pesquisar vacinas e “daqui a três meses” elas ficariam prontas.
Passaram mais três meses e descobrimos que vacina é um troço complicado, tem que testar, tem fase um, fase dois, fase três e depois tem que ter uma tal de eficácia, ou seja, as vacinas ainda iam demorar, mas algumas delas estavam sendo testadas no Brasil e assim que os testes terminassem, “daqui a três meses”…
Passaram três meses, as vacinas foram aprovadas e começaram a ser aplicadas em alguns países, mas o presidente do Brasil não acreditava nelas e não comprou as vacinas, portanto, aqui ainda ia demorar para começar a vacinação. Mas soubemos que o Brasil podia produzir vacinas e “daqui a três meses” elas iam ficar prontas.
Passaram três meses e descobrimos que a gente podia fazer vacinas sim, mas dependia de um tal de IFA, que era feito na China e o nosso presidente, com a ajuda do seu chanceler era contra a China, portanto o tal IFA não veio. E pior, a pandemia gosta de países que flertam com o pandemônio e cresceu muito.
Agora estamos aqui a procura de alguma coisa para acreditar que “daqui a três meses” estaremos numa situação melhor.
Ou então tentar achar uma vacina para curar a Síndrome do “daqui a três meses”.