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CALOR!!!

– Eu não posso sair na rua nesse calor que eu já soo.
– Não se diz soo, se diz suo. – o outro corrige.
– Mas eu soo mesmo. é só sair na rua que eu começo a soar.
– Se você soa, você está usando o verbo soar, que quer dizer produzir um som.
– Mas eu produzo um som. É só botar o pé fora de casa que eu começo a falar sem parar: que calor! que calor! que calor! que calor!

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NEWSLETTER DO BETO SILVA

A TRADIÇÃO DO CATAR

Tradicionalmente o país sede participa do jogo de abertura da Copa. Mas o país sede dessa vez, como todos sabem, é o Catar, um país que tradicionalmente não tem nenhuma tradição no futebol, um país que só tem tradição em explorar petróleo e ganhar dinheiro. Foi usando essa última tradição que o Catar conseguiu essa vaga na Copa.
Os caras lá da FIFA até toparam mudar a data da Copa, que passou para o final de ano, época que a gente só está pensando em discutir se panetone é melhor que chocotone, se arroz com passa é bom ou ruim, e aí, de repente pinta uma Copa do mundo. Ninguém está muito preparado pra isso.
Difícil mesmo é engolir uma Copa do mundo sem cerveja! Mas os caras da FIFA engoliram isso também, enquanto brindavam com champagne a Copa no Catar. Fora todas as outras proibições e restrições que vão rolar em Doha.
Mas aí, depois de aceitar tudo isso, o dirigente da FIFA perguntou ao do Catar:
– Tudo bem, mas vocês precisam mesmo jogar?
Com a resposta positiva, os organizadores tiveram que quebrar a cabeça para marcar o jogo de abertura. Porque um jogo de abertura de Copa com o Catar não é uma boa atração. E ainda por cima pode acontecer o pior: uma goleada no time da casa poderia desmascarar de prima que o Catar não tinha a menor condição de sediar uma Copa do Mundo.
A chave do Catar definida em sorteio tem Senegal, Equador e Holanda. Holanda nem pensar! A Holanda é tão superior ao Catar que é muito grande a chance de a seleção local levar uma goleada daquelas humilhantes logo no primeiro jogo. Pegaria mal.
Se colocasse o Senegal havia também o risco de goleada. Os africanos jogam um futebol alegre, gostam de atacar e vão pra cima mesmo. Uma goleada também não estaria descartada.
Restou o Equador. Mas o Catar tem time pra enfrentar o Equador numa boa? Provavelmente não, mas os caras da FIFA concluíram que dos três adversários o Equador é o que tem menos chance de golear a seleção anfitriã.
Pois é, esse é o jogo de abertura dessa Copa: Catar x Equador. Eu não vejo a hora de não ver esse jogo!

CANDIDATOS

Gosto de assistir ao horário eleitoral na TV. Nem tanto para saber quais são os programas de governo ou as intenções de cada candidato. O que gosto mesmo é de anotar os nomes dos candidatos. E aqui vai uma pequena leva de candidatos com seus nomes “diferentes”:
Gabigol da torcida – Sósia do Gabigol, mas não deve entrar em campo mais uma vez.
Aranha – que se apresenta com roupa de homem-aranha. Será que é o super-herói?
Cris gêmeas – São duas gêmeas idênticas. Não entendi se as duas são candidatas, se vão revezar e se as duas se chamam Cris.
Ana do Jornal – Só não disse de que jornal.
Sebastião do Carro de Som – Espero que não passe na minha rua.
Letícia Pires do Megafone – Deve fazer menos barulho do que o do carro de som.
Val Meliga – Mas não deixou o telefone.
Marcia das Galáxias – Veio de tão longe para ser candidata no Brasil?
Renata Limpando o Rio – Ela já está limpando ou só vai limpar se for eleita?
E alguns candidatos profissionais:
Lili Soldadora
Daniele Rodoviário
Marquinho Bombeiro
Priscila Bombeira
Rogério do Salão
Juninho do Pneu
Locutor Rogério Barbosa
E os localizados:
Marcelinho do Ciep
Ione Favela
Binho Favela
Valdecy da Sáude
Carlinhos BNH
E tem também os tipos físicos:
Anão Montanha
Rebeca Gordinha
E os candidatos de alguém:
Cristiane do Luis Fernando
Daniela do Waguinho
Esses candidatos são todos do Rio. E no seu estado, também tem algum nome maneiro de candidato?

CLIQUE AQUI SE VOCÊ NÃO É UM ROBÔ

Para se livrar dos da invasão dos robôs, muitos sites colocam aquela questão que deixa todo mundo meio bolado, pedindo para você confirmar que não é um robô

Sempre achei isso muito estranho. Como assim colocar em dúvida se eu sou ou não um robô? E então, diante dessa questão, me bate aquela dúvida existencial, será que eu não sou mesmo um robô? Será que as minhas atitudes não são todas pré-programadas por algum ente que domina o meu cérebro?
E fico pensando o seguinte: se os sites querem apenas que você clique em algo na tela, com a ideia de que robôs ainda são incapazes de clicar em algo, então por que não colocar uma questão menos estranha? Algo como clique aqui se você for capaz ou clique aqui se puder, ou apenas Clique aqui…
Alguns sites mudaram essa questão. Eles pedem para você confirmar se é ou não um humano.

Confesso que segundos antes de confirmar a minha humanidade ainda me bate uma pequena dúvida. Será que sou mesmo humano?
Mas em alguns casos muito específicos essa questão precisa ser modificada. É o caso do Putin. Nesse caso a frase que precisa ser confirmada é:

SOU DESUMANO

OS BETOS

Não sei porque as pessoas gostam de achar sósias meus.
Volta e meia chega a mim uma foto de uma pessoa ou personagem que alguém acha igualzinho a mim. E eu fico pasmo com a diferença. Ou será que sou eu que não tenho espelho em casa e não vejo a óbvia semelhança das figuras comigo?
Primeiro foi o próprio Facebook, que marcou uma foto dizendo que eu era a Rainha Elizabeth. (ver em Essa inteligência é muito artificial…).

Quem dera eu fosse a Rainha Elizabeto!
Outro dia , chegou a mim um tuite me achando igual ao ator que fez o Solano Lopes em algum filme ou série que eu não vi…

Volta e meia alguém diz que sou a cara do Freud, e eu fico na dúvida se fico orgulhoso ou se adquiro um novo complexo.

A última foi um cara que me achou a cara desse cara. E a única semelhança que consegui ver, foi a camisa do Fluminense.

Tudo bem, podem me achar parecido com que quiserem, mas dá uma caprichada aí, gente!

GRANDES CACIQUES DO BRASIL

Alguns até acham que nosso país não é mais uma aldeia indígena, mas como ainda temos caciques! Eu estou falando dos caciques políticos, que mandam no país.
Hoje em dia esses caciques são menos conhecidos, só os comentaristas políticos da Globonews, CNN e tais sabem o nome dos donos dos partidos do Centrão. Mas nós, que não temos saco para acompanhar o dia-a-dia da política, não conseguimos decorar o nome desses caras.
Mas, num passado nem tão distante, todo mundo sabia direitinho quem eram os caras que mandavam na política brasileira.
Uma vez, há bastante tempo, fui apresentado a um dos mais poderosos caciques da país: o poderoso Antônio Carlos Magalhães, o ACM, que foi “dono” da Bahia.
Meu encontro com ACM aconteceu em um hotel na Praia do Forte, na Bahia, onde estava hospedado com a minha família. ACM também estava hospedado nesse resort. Eu estava tomando um banho de mar com a minha filha. Quando saímos do mar, fomos nos lavar num chuveirinho que havia na beira da praia. Foi dali que eu avistei o homem, a uns dez metros. ACM estava ao lado de um assessor que já havia conversado comigo, e que me chamou. Mandei a minha filha para a barraca onde estavam meus pais e, meio sem jeito, me aproximei. O assessor me apresentou ao homem:
 – Esse é o Beto Silva do Casseta & Planeta.
ACM não falou nada, só ficou olhando para a minha cara. Sem saber o que fazer ou dizer, desandei a falar um monte de bobagens, falei do tempo, falei do hotel, disse que o meu pai era baiano, que o meu avô também… O homem só olhava para a minha cara e respondia com monossílabos. Ao final me despedi e fui  para a barraca onde estava com a minha família.
 – Você viu? – perguntei para a minha mãe.
 – Vi. Você falou com o ACM.
 Então minha mãe apontou para o meu nariz.
 – Que foi? – perguntei sem entender.
 – O nariz – minha mãe falou.
 – O que que tem o nariz? – perguntei.
 – Tem uma meleca descendo. – minha mãe explicou.
 Sabe aquelas cobrinhas de catarro que descem do nariz quando a gente entra na água? Pois é, uma dessas melecas estava lá descendo desde a minha narina esquerda até quase a boca. Eu só consegui olhar em direção a barraca do ACM e pensar: Será que foi por conta do meu catarrão que o homem me olhava tanto?
Pois é, foi assim o meu encontro com o poderoso ACM.
Algumas pessoas acharam essa história nojenta, mas outras consideraram um ato político!

COISAS QUE NÃO QUERO FALAR

É tão natural escutar ou mesmo falar certas coisas que nem nos damos conta do que representam. Elas já são parte do nosso dia-a-dia. Coisas como “nos tempos da ditadura…” ou “tem que esperar o VAR”, por exemplo.
Então fiquei pensando outro dia em expressões que não gostaria de falar no futuro, que torço para que nunca se tornem corriqueiras em nossas vidas. Espero que nunca tenhamos que falar expressões como:

“Na pandemia passada…”

“No primeiro governo Bolsonaro…”

“A seleção brasileira é apenas uma das pentacampeãs que…”

“No último Petrolão…”

“O Real Novo está valendo…”

“Ontem a temperatura foi só de 50 graus…”

e

“O VAR errou…” .

Não, essa a gente já fala direto!

EMPESSEGAMENTO

Impeachment é mais uma daquelas palavras que a gente fala direto em inglês, sem traduzir. Acho que essa ela apareceu para as pessoas comuns na época do Collor, quando até se deve ter pensado em traduzir, mas não dava para perder tempo com isso, então ficou impeachment mesmo.
Provavelmente alguém pensou em dar uma aportuguesada na palavra, escrevendo empichamento, mas talvez tenham concluído que assim ficaria muito perto do verbo pichar, o que pegava mal. Apesar de que o impeachment normalmente acontece quando o nível de pichação ou empichamento cresce a um nível tal que não dá mais para segurar e só o impeachment resolve.
Uma tradução para Impeachment seria Impedimento. O impedimento na política, assim como no futebol, é sempre polêmico. No caso do futebol, há um bandeirinha, que está lá só para assinalar o impedimento. Além do VAR, com suas linhas azuis e vermelhas. Mas a decisão final é sempre do juiz.
Na política brasileira, quem está nesse papel de dizer se vai ou não ter um processo de impeachment é o presidente do Congresso, que torce para o time do presidente e não marca impedimento nunca. Não adianta o bandeirinha levantar a bandeira, nem o VAR avisar, que o juiz não liga, ele não está nem aí.
Impeachment também poderia ser traduzido como empessegamento, já que peach é pêssego em inglês. O presidente do Congresso está sentado em cima de 120 pedidos de empessegamento. Todos esses pêssegos já devem estar podres e, portanto, já sujaram bastante os fundos das calças do presidente do Congresso, mas ele não faz nenhuma menção de que vai se levantar para trocar as calças.
Enquanto isso, o presidente vai cada vez mais virando um pêssego, ou seja, já não tem mais capacidade de governar. Apesar de que, em alguns casos, um pêssego seria melhor na presidência do que essa figura que ocupa o cargo. O pêssego pelo menos não afronta os outros poderes.

MEMÓRIAS – OS SHOWS DE CASSETA & PLANETA

“Eu vou tirar você desse lugar” foi o nosso primeiro show, em 1988. Esse show marcou a junção dos dois grupos, que escreviam a CAsseta Popular e o Planeta Diário para formar o Casseta & Planeta. Marcou também a passagem para o palco do humor apenas escrito. Falo deste show nesse outro post aqui…

Memórias – Eu vou tirar você desse lugar

O show fez muito sucesso e acabou gerando um disco (Preto com um buraco no meio) e também contribuiu bastante para a nossa passagem de redatores para a frente das câmeras para criar o Casseta & Planeta Urgente.

Depois de tanto tempo na TV, muita gente não conhece esse lado de palco de Casseta & Planeta. Além desse primeiro show, fizemos outros três espetáculos.

Em 1992 montamos o nosso segundo show. Na época havia uma onda de shows de rapazes vestindo sunguinhas e exibindo os seus corpos sarados. O principal deles se chamava A noite dos leopardos. Para o nosso show, entramos nessa onda e fizemos o show A noite dos Leopoldos.
Na abertura do espetáculo, entravamos no palco vestidos de sunguinhas devidamente avolumadas com enchimentos de pano. Cada um de nós era apresentado e entrava dançando e rebolando com nossos corpinhos flácidos ou magérrimos. Um mico que já levantava a plateia.

Entre os números do Noite dos Leopoldos várias músicas novas, como Paulista, Surfista, Caldo verde, Brinquedo de armar e um samba enredo em homenagem ao rock’n roll, o Apogeu e glória do rock’n roll . Havia também alguns esquetes, principalmente o Politicamente Correto, onde cantávamos as versões politicamente corretas das marchinhas de carnaval.

Em 1996 lançamos o Casseta & Planeta Unfucked. Na abertura vestíamos uma enorme roupa onde cabiam todos nós, lado a lado. Eram os maiores irmãos siameses do mundo. E fazíamos uma coreografia todos juntos. Tivemos a ideia de chamar a Debora Colker para fazer essa e algumas outras coreografias para o show, no que deve ter sido o maior desafio da carreira dela.
Era um show musical também, assim como os dois primeiros. Um dos esquetes que mais fez sucesso foi o Piada em debate, em que discutíamos uma piada que passávamos num telão.
A partir de 1998, com o programa virando semanal , paramos de fazer show, já que escrever e gravar o Casseta & Planeta Urgente nos demandava todo o tempo.
Mas, em 2019, resolvemos nos aventurar de novo nos palcos. Lançamos o Casseta & Planeta 30 anxs, que celebrava os 30 anos do grupo. Além de “recuperar” algumas músicas antigas, fizemos algumas novas, contamos histórias sobre a trajetória do grupo e mostramos vários quadros do programa. Foi muito bom voltar ao palco depois de tanto tempo.

UMA CONVERSA NO 7 DE SETEMBRO

– Você está aqui se manifestando para pedir o fechamento do STF e a volta da ditadura?
– Exatamente.
– Mas você só pode se manifestar porque estamos numa democracia, certo?
– Por isso estou aqui exercendo o meu direito democrático de pedir a volta da ditadura.
– Mas se a ditadura voltar você acha que vai ter esse direito de se manifestar?
– A favor da ditadura, sim.
– E quem quiser se manifestar pela democracia?
– Vai levar porrada! Muita porrada!
– Então você é contra a liberdade de expressão?
– Não, sou a favor. Eu acho que tenho o direito de me expressar a favor da ditadura.
– E numa ditadura existiria essa liberdade de expressão?
– Claro que não, né? Não dá para permitir que um esquerdista diga o que ele quiser.
– Ele não poderia pedir a volta da democracia, por exemplo?
– Tá brincando? Numa ditadura não dá para pedir isso!
– Então você é contra a democracia?
– Não, sou a favor.
– Mas afinal você é a favor da democracia ou da ditadura?
– Você tem que entender que na ditadura, a democracia não é para todo mundo.
– É para quem?
– É para quem sabe usar.
– E quem é que sabe usar a democracia?
– Só eu e meus amigos.