ESSE TEXTO FAZ PARTE DO MEU E-BOOK “RINDO NAS REDES SOCIAIS”:
Eu estava na fila do caixa eletrônico, quando chegou uma moça colada em seu celular, conversando em altos brados. Como a fila era grande e lenta, eu e todos os integrantes da fila fomos obrigados a escutar a conversa da moça, ou pelo menos o seu lado da conversa. A moça gritava impropérios, acusando uma amiga de ser metida a besta, porque passou por ela e não a cumprimentou direito. Depois de uns cinco minutos acompanhando, resolvi dar o meu palpite:
– Acho que você está sendo injusta com a sua amiga – falei.
A moça do celular estranhou. Mas continuou sua conversa no celular. Repeti:
– Eu acho que você tá sendo injusta com a sua amiga.
– Você tá falando comigo? – ela me perguntou.
– Estou. Estou dando a minha opinião sobre o assunto.
– Como assim? Por que o senhor acha que pode entrar assim nos meus assuntos particulares?
– Porque eu estou aqui há um tempão escutando a sua conversa e tenho o direito de participar também.
– Não! O senhor não pode participar da minha conversa. É assunto particular.
– Nesse volume que a senhora está falando , a sua conversa não pode ser particular, ela é pública.
– A minha conversa não é pública, é particular.
– Claro que é pública. Eu já sei que a sua amiga é metida a besta , que ela está gorda, que não sabe se vestir, sei até que o marido dela é corno.
– Eu não disse isso, eu disse que acho que ele é corno – ela percebeu que estava me dando conversa e voltou a atacar – o senhor não tem nada a ver com isso!
– Eu não tinha nada a ver com isso, mas como a senhora está aí falando alto tudo isso sobre a sua amiga , eu já me considero íntimo dela, e quero dar o meu palpite. Aliás , eu só não, todo mundo aqui na fila quer participar, não é gente?
– Éééé! – As pessoas da fila responderam fazendo um corinho.
Uma senhora que estava atrás de mim se animou:
– Eu não concordo com ele. – apontou pra mim.
– Tá vendo. – A moça do celular falou – Nem todo mundo é como o senhor. Ela sabe que a minha conversa é particular.
– Não, com isso eu concordo com ele, a gente já está sabendo de tudo da vida da sua amiga. O que eu não concordo é que eu acho que você está sendo justíssima, amiga besta tem que ser maltratada mesmo.
– Eu não acredito ! – A moça resolveu voltar a falar com a interlocutora no telefone, fingindo que não era com ela – Você acredita que as pessoas aqui da fila querem dar palpite na nossa conversa?
A interlocutora do outro lado falou alguma coisa.
– O que ela acha? – Eu perguntei.
– Não interessa! – A moça respondeu ríspida.
– Claro que interessa! Nós queremos participar da conversa também.
– É, a senhora não está sendo democrática, mocinha! – Foi uma outra senhora da fila que falou.
– É verdade. Coloca a sua amiga no viva-voz senão a gente não consegue participar direito da conversa.- Um rapaz propôs.
Todos concordaram e começaram um corinho:
– Viva-voz! Viva-voz! Viva-voz!
Desta vez a moça não respondeu. Nem colocou seu celular no viva-voz para atender aos pedidos do povo da fila. Ela simplesmente desistiu da fila do caixa eletrônico e foi embora. Sem desligar o celular, é claro.
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