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CONVERSA NO CELULAR

ESSE TEXTO FAZ PARTE DO MEU E-BOOK “RINDO NAS REDES SOCIAIS”:

Eu estava na fila do caixa eletrônico, quando chegou uma moça colada em seu celular, conversando em altos brados. Como a fila era grande e lenta, eu e todos os integrantes da fila fomos obrigados a escutar a conversa da moça, ou pelo menos o seu lado da conversa. A moça gritava impropérios, acusando uma amiga de ser metida a besta, porque passou por ela e não a cumprimentou direito. Depois de uns cinco minutos acompanhando, resolvi dar o meu palpite:
– Acho que você está sendo injusta com a sua amiga – falei.
A moça do celular estranhou. Mas continuou sua conversa no celular. Repeti:
– Eu acho que você tá sendo injusta com a sua amiga.
– Você tá falando comigo? – ela me perguntou.
– Estou. Estou dando a minha opinião sobre o assunto.
– Como assim? Por que o senhor acha que pode entrar assim nos meus assuntos particulares?
– Porque eu estou aqui há um tempão escutando a sua conversa e tenho o direito de participar também.
– Não! O senhor não pode participar da minha conversa. É assunto particular.
– Nesse volume que a senhora está falando , a sua conversa não pode ser particular, ela é pública.
– A minha conversa não é pública, é particular.
– Claro que é pública. Eu já sei que a sua amiga é metida a besta , que ela está gorda, que não sabe se vestir, sei até que o marido dela é corno.
– Eu não disse isso, eu disse que acho que ele é corno – ela percebeu que estava me dando conversa e voltou a atacar – o senhor não tem nada a ver com isso!
– Eu não tinha nada a ver com isso, mas como a senhora está aí falando alto tudo isso sobre a sua amiga , eu já me considero íntimo dela, e quero dar o meu palpite. Aliás , eu só não, todo mundo aqui na fila quer participar, não é gente?
– Éééé! – As pessoas da fila responderam fazendo um corinho.
Uma senhora que estava atrás de mim se animou:
– Eu não concordo com ele. – apontou pra mim.
– Tá vendo. – A moça do celular falou – Nem todo mundo é como o senhor. Ela sabe que a minha conversa é particular.
– Não, com isso eu concordo com ele, a gente já está sabendo de tudo da vida da sua amiga. O que eu não concordo é que eu acho que você está sendo justíssima, amiga besta tem que ser maltratada mesmo.
– Eu não acredito ! – A moça resolveu voltar a falar com a interlocutora no telefone, fingindo que não era com ela – Você acredita que as pessoas aqui da fila querem dar palpite na nossa conversa?
A interlocutora do outro lado falou alguma coisa.
– O que ela acha? – Eu perguntei.
– Não interessa! – A moça respondeu ríspida.
– Claro que interessa! Nós queremos participar da conversa também.
– É, a senhora não está sendo democrática, mocinha! – Foi uma outra senhora da fila que falou.
– É verdade. Coloca a sua amiga no viva-voz senão a gente não consegue participar direito da conversa.- Um rapaz propôs.
Todos concordaram e começaram um corinho:
– Viva-voz! Viva-voz! Viva-voz!
Desta vez a moça não respondeu. Nem colocou seu celular no viva-voz para atender aos pedidos do povo da fila. Ela simplesmente desistiu da fila do caixa eletrônico e foi embora. Sem desligar o celular, é claro.

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ESTÃO MATANDO OS HUMORISTAS – CAPÍTULO 1

ESSE É O PRIMEIRO CAPÍTULO DO MEU LIVRO “ESTÃO MATANDO OS HUMORISTAS”.

Foram doze horas de viagem de ônibus desde o interior do Espírito Santo até o Rio de Janeiro, trafegando pelas esburacadas estradas brasileiras. Milhares de quebra-molas depois, Armando ainda enfrentou duas horas de trânsito dentro de um ônibus lotado, cruzando a ainda mais esburacada Avenida Brasil, em pé, mal conseguindo se segurar na barra de ferro, até desembarcar no subúrbio onde ficaria hospedado. E então, quando achou que havia chegado ao seu destino, não conseguiu encontrar a casa de seu tio Ascânio. Será que havia anotado o endereço errado ou a casa do tio era mesmo aquela sem número na porta, tão maltratada que aparentava estar abandonada, com uma fachada tão cheia de pichações que parecia ter sido escolhida como painel de demonstração de uma fábrica de tintas em spray?
Armando tirou de suas costas a mochila, que a esta altura pesava algumas toneladas, e a depositou no chão. Vasculhou ao redor da porta em busca de uma campainha, mas não encontrou nenhum botão ou algo ao menos parecido. Resolveu usar o velho método de bater na porta. Deu três soquinhos, esperou um tempo, mas ninguém atendeu. Bateu mais uma vez com um pouco mais de força. Nada. Timidamente gritou o tradicional “ô de casa”, que repetiu mais alto duas ou três vezes. Numa última tentativa desesperada, Armando bateu forte com a mão espalmada e dessa vez escutou um grito vindo de dentro:
– Já vai, caralho!
Um rapaz com os cabelos desgrenhados abriu a porta.
– É o quê?
– Oi… Desculpa eu bater assim, mas é que ninguém estava ouvindo e…
– Tá. É o quê que você quer? Tá vendendo alguma coisa?
– Não… Você é o Valdecir, o filho do Ascânio?
– Sou.
– Eu sou o Armando Penteado… de João Neiva.
– Ah, de João Neiva – Valdecir pensou um pouco. – E João Neiva é quem?
– João Neiva é a cidade que eu moro, no Espírito Santo.
– Espera aí. Eu já ouvi falar nessa cidade. Acho que eu tenho família lá… Do jeito que você está falando aí, era para eu saber quem você é, certo?
– É… eu sou seu primo, Armando, filho do Praxedes.
– Você é filho do tio Praxedes? – Valdecir tentou segurar, mas não conseguiu, explodiu numa gargalhada. – Puta que pariu! Praxedes! Eu não consigo falar esse nome sem dar risada. Praxedes é bom pra caralho!
– É… é um nome um pouco diferente… – Armando concordou, meio sem jeito.
– Porra, põe diferente nisso! – Valdecir ainda ria. – É verdade, eu tenho mesmo um tio com esse nome escroto aí…
– Ascânio também não é um nome muito comum.
– Ascânio também é um nome escroto, mas esse eu já estou acostumado. Praxedes não! – Valdecir ainda soltou algumas golfadas de riso, até que conseguiu se controlar. – Diz aí, primo, o que é que você quer mesmo?
– É que eu vim estudar aqui no Rio e o meu pai combinou com o tio Ascânio que eu ia me hospedar aqui.
– Se você quer falar com o meu pai, chegou na hora errada. O velho não está em casa não.
– Puxa, mas ele não te avisou que eu vinha?
– Eu não estou sabendo de nada não. Meu pai nunca me avisa de porra nenhuma. Não é só o nome dele que é escroto não, ele também é.
Armando chocou-se com o comentário do primo sobre o pai, mas procurou não demonstrar reação. Os dois permaneceram calados por algum tempo, até que Armando quebrou o silêncio:
– Será que eu poderia entrar para esperar o seu pai chegar?
Valdecir não respondeu. Escancarou a porta e sumiu para dentro da casa, deixando Armando sozinho. Depois de esperar alguns minutos pela volta do primo, Armando concluiu que ele não voltaria e que a porta aberta era a resposta afirmativa à sua pergunta. Acanhado, entrou devagar na casa e fechou a porta atrás de si. Caminhou um pouco pela sala, observando a parca decoração, apenas um sofá, uma cômoda e uma televisão. Na parede um quadro pintado por uma criança, provavelmente uma lembrança da infância do primo, e duas flâmulas desbotadas do Flamengo. Armando ainda esperou em pé pela volta de Valdecir, mas diante da demora se sentou.
Por meia hora ainda acreditou que Valdecir voltaria para falar com ele, o que não aconteceu. Levantou-se e foi examinar mais de perto as bugigangas que decoravam a cômoda, o que não levou mais do que um minuto. Pensou em ligar a televisão, mas achou melhor não o fazer sem pedir permissão ao primo. Sentou-se de novo no sofá e depois de uns vinte minutos achou que deveria procurar Valdecir pelo interior da casa. Seguiu por um corredor não muito grande. Percebeu uma fresta de luz debaixo de uma porta e concluiu que o primo estava ali. Depois de bater sem obter resposta, resolveu abrir a porta devagar e viu Valdecir sentado diante do computador, assistindo a um vídeo. Na tela uma moça se rebolava e se esfregava num rapaz.
– Valdecir – Armando chamou, mas o primo não esboçou nenhuma reação. – Valdecir! – Falou mais alto e só então percebeu que não adiantava aumentar o volume de sua voz, o primo nunca o escutaria com os enormes fones que cobriam os seus ouvidos.
Cutucou devagar o ombro de Valdecir.
– Porra! – Valdecir assustou-se e quase caiu da cadeira. – Que susto do cacete que você deu!
– Desculpa. Eu não queria te assustar.
Mostrando má vontade, Valdecir afastou os fones de seus ouvidos e pausou o vídeo.
– O que você quer, Arnaldo?
– Armando. Você não sabe me dizer se o seu pai vai demorar?
– Não sei. Era isso que você queria saber?
– Você não tem nem ideia?
– Cara, o velho não tem horário certo não. O que foi? Tá ruim de esperar lá na sala? Olha, se você quiser pode ficar aqui vendo esse vídeo comigo. Olha só, essa peituda é sinistra.
– Não, obrigado. É que eu viajei a noite toda, estou cansado da viagem e…
– Tá cansado? Pode deitar aí na minha cama e dar uma cochilada. Mas não aconselho não, que eu não troco esse lençol há um tempão, está meio imundo.
– Valeu, primo, mas será que você não podia ir adiantando as coisas…
– Adiantando o quê?
– Será que você não podia me mostrar a casa e dizer onde fica o meu quarto?
Valdecir respirou fundo, coçou a cabeça, até que falou:
– Rapaz, eu até mostraria, mas é que agora eu estou ocupado.
– Ocupado? – Armando apontou para a tela.
– Muito ocupado.
– Ah, tá… Mas será que seria muito difícil para você dar uma paradinha nessa sua… nessa sua atividade e me mostrar rapidinho o quarto extra da casa?
– Quarto extra?
– É… O local onde o seu pai falou para o meu pai que eu poderia me hospedar. Desculpa, mas é que o tio Ascânio está demorando muito e…
– Já vi que se eu não fizer isso, você vai ficar aqui enchendo o meu saco, não é? – Valdecir pensou um pouco. – Tudo bem, eu não devia, mas vou te mostrar esse “quarto” – fez o gesto das aspas com os dedos.
Levantou-se e seguiu pelo corredor da casa em direção a sala. Armando foi atrás. Entraram na cozinha e continuaram andando até a área de serviço, onde Valdecir apontou para uma porta fechada.
– Só pode ser ali. Não tem nenhum outro quarto vago aqui em casa, só esse. Era para ser um quarto de empregada, mas nós nunca tivemos uma, então está vazio… Agora dá licença que eu vou voltar pra peituda.
Valdecir partiu de volta para os seus afazeres, mas parou ao ouvir o grito de Armando.
– Ei, primo!
– O que foi agora? Não gostou das acomodações?
– Olha, eu não tenho nenhum problema em ficar nesse quartinho, mas você disse que estava vazio e está cheio de tralhas aqui. O que eu faço?
– É só tirar as tralhas e pronto.
– Será que eu posso mesmo tirar essas coisas daqui? Seu pai não vai achar ruim? E onde é que eu coloco?
– Caraca! Me responde uma coisa: você é jornalista?
– Não. Por quê?
– Porque desde que chegou você fez um monte de perguntas. Você é o Valdecir? Cadê o seu pai? Ele vai demorar? Qual é o meu quarto? O que eu faço com as tralhas? Seu pai não acha ruim? Tá me entrevistando, ô Pedro Bial?
– Não. Eu só queria saber onde é que eu posso colocar essas coisas todas que estão aqui no quarto. Mas deixa pra lá. Eu espero o meu tio chegar…
– Não espera não que você vai cansar. Faz o seguinte: bota essas tralhas lá na garagem. A gente não tem carro mesmo.
Armando agradeceu a informação e concluiu que valia a pena começar a limpar o quarto. Quando o tio chegasse ele explicaria que se adiantara e certamente não haveria problema.
O lugar tinha todo tipo de porcaria: livros empoeirados, roupas velhas, panos nojentos, cobertores furados, caixas vazias de aparelhos eletrônicos, revistas antigas, exemplares de todos os tipos de objetos que não se joga fora por algum motivo que não se lembra mais.
Armando pegou uma primeira amostra de cacarecos que havia em sua nova habitação e os levou até a garagem, onde descobriu uma quantidade ainda maior de tralhas. Ali, no entanto, os objetos eram de tamanhos maiores: uma geladeira velha e enferrujada, um sofá perneta, uma poltrona rasgada, uma bicicleta sem selim e sem uma roda; a garagem era uma espécie de lixão particular.
Armando logo percebeu que Valdecir permanecia por perto, a meia distância, observando o seu trabalho de pegar os objetos e carregar até a garagem.
– Você não estava ocupado? – Armando perguntou.
– Estava, mas não estou mais. Me diz uma coisa: Qual é mesmo o nome lá da sua cidade? – Valdecir perguntou.
– João Neiva.
– Ah… é isso. Eu sempre soube que tinha família lá, mas não conheço João Neiva não. Até conheço um João e uma Neiva, os dois são aqui do bairro. O João é um babaca que mora aqui perto e a Neiva mora na rua de trás. Aliás, a Neiva bate um bolão, mas vou te dizer uma parada… acho que ela é sapata.
Armando riu e continuou o seu trabalho. O primo continuou falando:
– Uma pena a Neiva gostar de mulher, porque ela é muito gata. – Valdecir parou de falar e ficou pensando. – Você é meu primo mesmo?
– Claro que sou. Já te disse.
– Será? Você chegou aqui, disse que era meu primo e eu acreditei. Mas vai que você é um ladrão assassino que entrou aqui pra me dar um golpe? Vai que você entrou aqui pra roubar minhas paradas e me sequestrar?
– Fica tranquilo que eu não sou ladrão nem sequestrador não. Aliás, eu jogo justamente no time adversário. Lá em João Neiva eu era da polícia.
– Polícia? – Valdecir arregalou os olhos.
– Ué, ficou nervoso por quê? – Armando riu com a reação do primo. – Você está devendo alguma coisa para polícia, Valdecir?
– Não, não! – Valdecir apressou-se em responder.
– Fica calmo, eu não sou mais policial. Fui só por um tempo, mas saí justamente porque eu queria vir para cá, estudar, fazer faculdade. – Armando pegou uma pilha de revistas para levar até a garagem. Valdecir seguiu atrás.
– Você veio para cá para fazer faculdade de quê?
– Direito.
– Você quer ser advogado?
– É… O meu avô era delegado, o meu pai é delegado… E para ser delegado tem que ser formado em direito.
– Então você quer ser delegado que nem seu pai?
– Não sei. Acho que sim, mas… – Armando voltou até o quarto, pegou outra pilha de revistas e seguiu de novo até a garagem.
– Mas o quê? Você não quer ser policial?
– É, acho que não vai me restar outra alternativa, a minha família sempre foi da polícia, a pressão lá em casa é grande.
– Mas pelo que eu estou entendendo, se você pudesse, faria outra coisa.
– É, se eu pudesse, faria.
– Faria o quê?
– Ah, não sei. Deixa pra lá…
– Fala aí! Que parada é essa que você queria fazer? Você vai negar uma informação para o seu primo, primão?
Armando parou o que estava fazendo e ficou olhando para Valdecir, avaliando se deveria responder.
– Não, acho melhor não falar…
– Pô, você chegou aqui do nada, disse que é meu primo e eu acreditei. Você está dizendo aí que meu pai te ofereceu esse quartinho aí e eu acreditei. Até te mostrei o quarto. Confiei em você. Agora você não confia em mim?
– Confio. Claro que eu confio – Armando respondeu meio sem jeito.
– Então, qual é o problema de dizer o que é que você gostaria de ser se não tivesse que ser delegado?
– Para que você quer saber?
– Sei lá. Tô curioso.
– Eu vim pra cá pra estudar direito mesmo.
– Aposto que você queria estudar uma parada dessas de humanas, tipo história, sociologia, essas paradas de esquerdista.
– Não, nada a ver.
– Já sei! Gastronomia. Tá na moda, com esses programas tipo Master Chef e coisa e tal.
– Não, eu nem sei cozinhar direito.
– Pô, diz aí. Que segredinho é esse?
– Não tem segredo nenhum, mas é que é só um sonho. Uma bobeira.
– Pô, que mistério, meu irmão! Diz aí, cara!
– Tá, eu vou dizer. Não é sério, é só uma fantasia, entende? É que eu gosto muito de humor, de comédia…
– Você quer ser comediante?
– É… – Armando respondeu baixinho e escutou seu primo explodir numa gargalhada.
– Caraca ! Esporrante! Demais! Você, com essa cara séria quer ser comediante? Tá de sacanagem? – Valdecir falava entre risadas. – Quer saber? Você deve ser bom mesmo, porque há um tempão eu não ria tanto. Primeiro lá na porta com o nome do seu pai, e agora com essa piada aí…
Armando arrependeu-se imediatamente de ter falado sobre o seu sonho ao primo.
– Eu já fiz alguns shows de stand up lá em João Neiva, sabia?
– Claro! Quem vai dizer que não gostou do show do filho do delegado? – Valdecir continuava rindo.
Armando não respondeu, respirou fundo e se concentrou na limpeza de seu novo quarto.
Valdecir saiu da área, rindo bastante e seguiu para dentro da casa, mas logo voltou trazendo um banquinho para se sentar. Ficou ali calado, acompanhando o trabalho de Armando. Mas o seu silêncio não durou muito:
– Qual é o seu estilo de humor?
Armando fingiu que não escutou a pergunta, mas Valdecir repetiu.
– Diz aí, qual é o seu estilo de humor?
– Você faz muita pergunta, rapaz! Você é jornalista?
– Essa piada do jornalista eu já fiz. Você é comediante tipo ladrão de piada, é?
– Não, eu não roubo piada de ninguém.
– Claro que rouba. Todo humorista rouba piada. Estou cansado de ver no twitter a galera reclamando: “ah, essa piada era minha e fulano tá dizendo que é dele”.
Armando não falou nada. Pegou alguns livros um pouco mais pesados e os levou para a garagem. Quando voltou, o primo continuou:
– Você quer mesmo ser comediante? Difícil de acreditar, sabia? Faz um número maneiro aí para mim. Para eu ver se você é bom mesmo.
Armando não deu trela para o primo, mas na terceira vez que Valdecir lhe pediu, ele acabou respondendo:
– Agora não dá. Você não está vendo que eu estou ocupado?
– Faz aí cara, faz! Para um instantinho e conta uma piada aí.
– Eu não vou contar piada nenhuma – Armando falou, irritado.
– Você é muito nervosinho, hein! Mas, pensando bem, tem uns humoristas irritadinhos que ficam no palco dando ataque de pelanca e é engraçado, sabia?
– Posso te pedir uma coisa? Vai lá pro seu quarto ver as suas peitudas, vai…
– Caraca, mal chegou e o cara já tá se sentindo em casa, já tá até me dando ordem.
Armando se arrependeu imediatamente de tratar com rispidez o primo que acabara de conhecer.
– Desculpa, Valdecir, foi mal.
– Não, não, tudo certo. Eu vou lá para o meu quarto mesmo, até porque o meu pai deve estar chegando e eu não quero cruzar com ele.
Valdecir levantou-se, pegou o banquinho e partiu de volta para o seu quarto, mas no meio do caminho, lembrou-se de algo e voltou.
– Aí, primo. Você leva o maior jeito nessa parada de arrumar quarto, sabia? Podia trabalhar com isso em vez de ser humorista. Aí, se der, depois que acabar de arrumar o teu quarto aí, passa lá no meu para dar uma arrumada lá também. Aquilo está uma zona do cacete!

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ESTÃO MATANDO OS HUMORISTAS

MAL SÚBITO

A cena do Eriksen, jogador dinamarquês, caindo em campo e recebendo massagem cardíaca com todo mundo assistindo foi muito chocante. Graças a Deus ele saiu vivo dali e perece que está bem.
Mas o que aconteceu com o Eriksen para ele desabar daquele jeito? Até agora a explicação foi que ele teve um mal súbito.
Mal súbito é uma explicação que sempre me intrigou. Não parece ser uma doença, soa mais como se o médico tivesse desistido de descobrir o que aconteceu e pra dizer alguma coisa mandasse o tal do “mal súbito”. Seria a mesma coisa de dizer que o sujeito caiu duro de… “Não sei o que”. O que ele teve? Não temos a menor ideia. Aconteceu uma parada estranha pra caramba e ele babau! Quer dizer: Mal súbito.
Mas será que, assim como existe o mal súbito, existe também o bem súbito? O cara está com o coração todo entupido e, de repente, acontece um bem súbito que limpa suas artérias! O cara não tem talento para nada, de repente sofre um bem súbito e ele sai tocando violão e compondo sucessos incríveis! O cara é um presidente negacionista, que gosta de cloroquina e de botar fogo em floresta, de repente, do nada, ele tem um bem súbito e … Não, é melhor não contar com isso.

SUGESTÕES PARA MELHORAR O FACEBOOK

O Facebook anda precisando de umas mexidas. Tudo bem que colocaram um monte de botões, além do velho curtir, mas eles não dão conta do recado. Eu não consigo usar esses desenhinhos.
Tem o “Amei”, um coraçãozinho, que acho meio ridículo usar.
Ao lado um botão com um desenho ininteligível que é para dizer “Força”. Não uso.
Tem uma cara rindo, que é o “Haha”. Mas para mim, haha é pouco, eu preferia que fosse hahahaha. E o kkkk, o rsrsrs, o aushuashua, como é que ficam?
Tem também o “Uau”, que não sei quando usar.
O “triste”, uma carinha com uma lágrima, é o único que faz sentido. Realmente não dá para curtir notícia ruim.
E o último botão é Grrr. Que porra é essa? Não consigo usar.
Os Nerds que trabalham lá no Facebook deviam pensar melhor e criar botões que tivessem mais a ver com a realidade de quem frequenta essa rede social. Só para dar uma força para esses caras, eu vou sugerir aqui alguns novos botões que deveriam ser criados e não sei por que ainda não apareceram.
Que tal o botão “Foda-se”, um dos mais pedidos e desejado por todos. Com certeza ele rapidamente seria mais usado do que o velho “curtir”.
O botão “não concordo”, simples e objetivo,  para não se perder muito tempo tentando responder as elaboradas teorias políticas dos nossos amigos que acham que a opinião deles é tão boa que a gente vai mesmo ler aqueles parágrafos enormes que eles postaram.
Ou ainda, melhor, o botão “enfia”, que seria o equivalente a “enfia esse textão no rabo, que eu não tenho tempo pra ler bobagem”. Esse certamente seria um dos mais usados. Pelo menos, por mim!
O botão “chupa”, que seria uma ótima ferramenta para a gente sacanear os torcedores do time adversário.
O botão “solta o cachorro nele” para gente tentar espantar as postagens com fotos de gatinhos fofinhos que volta e meia insistem em aparecer na nossa timeline.
O botão “Adoraria, mas nem fudendo” pra gente responder aos trocentos convites que nos mandam por dia no face.
O botão “peteleco na orelha” para entrar no lugar das cutucadas, que já saíram de moda. Já está provado que os chatos são um público grande no Face, e todo chato sente falta de cutucar os outros e vai adorar poder dar um peteleco na orelha virtual.
E aí, alguma outra sugestão?

CHATO, CHATO, CHATO

ESSE TEXTO FAZ PARTE DO MEU E-BOOK “RINDO NAS REDES SOCIAIS”.

CHATO, CHATO, CHATO

Estive com um chato no último fim de semana. Não sei explicar exatamente porque o cara era chato, mas ele era. Ninguém soube me dizer por que o cara era chato, mas ele era e pronto. Chato é assim, é inexplicável, não dá para dizer o que faz um cara chato. Às vezes o cara é inteligente, gente boa, do bem, mas é chato. Fiquei pensando sobre isso e acabei fazendo uma pequena classificação:
Chato amigo de infância – Você até gosta do cara, tem um carinho por ele, pois foi alfabetizado com o cara, teve os mesmos professores, os mesmos amigos, mas ele continua ao seu lado. Chateando…
Chato com causa – sempre tem uma boa causa e conta com a sua ajuda. Você não pode negar o apoio às crianças com fome, aos pobres oprimidos, as vítimas da ditadura, mas dá pra negar estender o papo com o cara por mais de dois minutos. 
Chato cutucador – às vezes ele nem é tão chato, mas o dedo é,  e não para de te cutucar até você ficar com uma marca na barriga. A marca do chato.
Chato burro – um dos piores tipos, o chato que acumula.
Chato calado – O cara nem fala, não emite opinião sobre nada, mas mesmo assim é chato. Vai entender.
Chata bonita – É difícil admitir, mas esse tipo existe. Ela é maravilhosa, espetacular, tem um corpaço, mas é chata pra cacete! Melhor em foto.
Chato na internet – Ao seu lado ele é legal, mas os seus emails são insuportáveis, não dá pra aguentar ele no Whatsapp e o cara é uma mala no Facebook. E tem o contrário: o sujeito virtual é o máximo, mas ao vivo é uma mala.
E tem mais, muito mais:
O chato sensível, o chato moderno, o chato cantor, o chato poeta, o chato bonito, o chato sabe-tudo, o chato depressivo, o chato artista, o chato que queria ser artista, o chato de sucesso, o chato superatleta e o chato chato.
O assunto é inesgotável. A minha paciência é que não é.
Espero não ter sido chato.

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NO LIMITE

Isolados num país da América do Sul, sem poder viajar para lugar nenhum do mundo, os 215 milhões de participantes que estão NO LIMITE, vivem situações que exigem coragem e resistência física ao máximo. Com recursos limitados e um presidente negacionista, eles têm que enfrentar campanhas por cloroquina e tratamentos precoces que não funcionam, um presidente que fala mal da China quando o país é dependente dos insumos chineses para as vacinas, vários ministros da Saúde que morrem de medo do presidente e o principal: Uma pandemia sem controle!
Os brasileiros, que já estão NO LIMITE vão fazer de tudo para conseguirem se vacinar e sair dessa situação. Qualquer coisa! Até comer olho de cabra!