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O APLICATIVO FUNDAMENTAL

Primeiro foi o Yuval Harari que escreveu um texto dizendo que a Inteligência Artificial além de nos ajudar a escrever um trabalho final de curso, pode também acabar com a humanidade. Depois foram vários cientistas que se uniram e escreveram um manifesto pedindo para que os pesquisadores dessem um tempo nas pesquisas de Inteligência Artificial, antes que a Inteligência Artificial dê um tempo na raça humana. Dizem até que o manifesto foi escrito usando o Chatgtp, mas parece que isso é fake-news.
Na verdade, o que está ficando claro é que já faz tempo que os cientistas do mundo todo deviam parar tudo o que estão fazendo e se dedicar a apenas uma coisa: a criação do aplicativo “Vai dar merda!”, que é o que a humanidade mais precisa nos dias de hoje.
Mas o que é que faz esse aplicativo “Vai dar merda?”? Ele, por exemplo, analisa cada nova invenção dos nerds do Vale do Silício sob todos os aspectos, usando toda a capacidade computacional que existe e então dá a sentença: Se todo mundo usar esse troço… “vai dar merda!”. Ou então o aplicativo pode chegar a conclusão que tudo bem, pode usar a vontade a nova descoberta ou invenção ou o seja o que for.
Na época que a energia nuclear foi criada ainda não havia computadores para desenvolver um aplicativo como esse. Por isso só se pensou na parte positiva da coisa, ninguém passou nem perto da ideia de que poderia haver Chernobyl ou que podia surgir um cara como o Putin que mandaria bombardear uma região onde existe uma enorme usina nuclear, como acontece hoje na Ucrânia. O “Vai dar merda!” certamente apontaria essas possibilidades.
E ele também seria útil em várias situações mais prosaicas da vida. Por exemplo: Se colocassem todos os dados no aplicativo na véspera do 7×1 da Alemanha: Neymar fora do jogo, Davi Luiz de zagueiro, Felipão de técnico dizendo que Bernard tinha alegria nas pernas e coisa e tal, o aplicativo certamente acenderia uma luz vermelha e diria: “Vai dar merda!”
E na vida pessoal também. Já pensou ter esse aplicativo quando o seu melhor amigo te convence que tem um esquema financeiro incrível que rende 10% por mês? Ou quando a moça dá match com um sujeito que coloca a foto do Brad Pitt no Tinder?
Dizem até que se Cabral tivesse o “Vai dar merda!” em 1500, mudaria o rumo do seu navio!

CANÇÃO DO AGRO-NEGÓCIO

Vou fazer uma vaquinha
Para entrar no agro-negócio
Foi-se o tempo das vacas magras
Vou botar meu boi na sombra
Não vou mais ser mão de vaca
Vou ser agro vou ser pop

Será conversa pra boi dormir?
De quem dá Bom-dia a cavalo?
Porque se tiver boi na linha
A vaca vai pro brejo
E eu não quero ser boi de piranha
Muito menos bode expiatório

É melhor tirar meu cavalinho da chuva
Não vou virar agro nem que a vaca tussa
Bom mesmo é voltar a vaca fria
E ser apenas uma vaquinha de presépio.

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NEWSLETTER DO BETO SILVA

O QUE SOBRA PARA O HARRY

Não tem para ex-BBB, ex-Casa dos Artistas, ex-ator ou ex-atriz da Globo, em matéria de fofoca, nada como a Casa Real Britânica. Se a monarquia não serve mais para quase nada, ela serve bastante para uma coisa: Assunto.
Pois o assunto do momento é o livro de memórias do príncipe Harry.
O Harry não é mais príncipe, mas as suas aventuras de plebeu não têm a menor graça, o que a galera quer mesmo saber é das baixarias da realeza. E, usando uma palavra que está na moda, o Harry entregou! Dizem que o livro tem sexo, drogas e rock’n roll. E tudo isso dentro da Família real!
Eu já sei um monte de coisas que o Harry revela, porque jornalistas mais afoitos já deram um monte de spoilers. Ainda bem, assim eu não preciso comprar, e, ainda melhor, não preciso ler o livro.
Eu já sei que o Harry fala mal a beça do pai, o rei Charles. Grande coisa, quem é que não fala mal do Charles?
Parece que ele também senta o pau na Camila Parker Bolles. Jura? Que surpresa!
Dizem que o ex-príncipe revela detalhes da sua relação conflituosa com o irmão, futuro rei. Irmãos que brigam? Novidade!
Ele conta algumas histórias, diz que uma vez foi vestido de nazista em uma festa fantasia. Melhor que o tio-avô, que quase foi rei e que se fantasiava de nazista no dia-a-dia.
Harry revela também que cheirou cocaína e que matou 25 pessoas na guerra do Afeganistão. Mas diz que não se viciou, nem em cocaína, nem em matar gente.
O príncipe conta como foi a sua primeira vez, que perdeu a virgindade atrás de um pub. Não sei se revela quem foi a moça. Pelo tom de fofoca do livro, talvez ele também revele como foi a sua última vez com a Megan, espero que com detalhes. Ou talvez ele guarde essas informações para um segundo volume.
Harry reclama que era o quinto na sucessão real e diz que fumava um baseado nos finais de tarde. Será que era para esquecer? Ele diz também que só servia para doar órgãos para o irmão se ele precisasse. Problemático o cara. Haja maconha!
O nome do livro é “O que sobra” e já é um best-seller com mais de 400 mil exemplares vendidos, só na Inglaterra. Pelo jeito, vai sobrar muito para o Harry. Ele está desempregado, está precisando.

EU FUI AO CINEMA!

Depois de mais de dois anos sem ir ao cinema por conta da pandemia, resolvi no último domingo a noite retomar esse hábito. Pelo jeito, a pandemia não só afastou as pessoas do cinema, ela expulsou para sempre o público desse entretenimento do século XX.
Eu fui a um desses complexos de cinemas de shopping, com umas 6 ou 7 salas e não havia ninguém por lá. Fiquei até na dúvida se estava aberto. Assim que chegamos na porta, a moça que deveria estar ali para pedir os comprovantes de vacina estava sentada, quase dormindo, numa poltrona a uma certa distancia da entrada. Ela olhou para a gente com uma preguiça danada, parece que havia passado o dia inteiro sentada ali. Se aproximou da gente e pediu os nossos comprovantes. Entramos no complexo e fomos comprar os ingressos em máquinas, a pandemia acabou com as bilheterias também. Na hora de escolher os assentos vi que a sala estava completamente vazia, todos os lugares vagos. Tudo bem que o filme que escolhemos era um filme japonês, Drive my car, nem um pouco popular, mas zero pessoas!
Então fomos comprar pipocas. Os atendentes também demoraram a se levantar de suas cadeiras, os últimos clientes antes de nós pareciam ter sido atendidos há dias. A pipoca também parecia ter sido feita há dias.
Entramos na sala de nosso filme. Algumas pessoas além de nós surgiram, não passaram de umas cinco. A dúvida que eu tinha se deveria ou não usar máscara se dissipou rapidamente, já que a distancia mais próxima de outro espectador era de 15 metros mais ou menos.
Foi assim a nossa primeira sessão de cinema depois de tanto tempo, praticamente um telão particular.
O filme eu achei até interessante, mas muito longo e lento. Me deu saudades do streaming, quando a gente pode se levantar para fazer um xixi e beber uma água, e logo voltar ao filme. Juro que, depois de duas horas de filme, procurei instintivamente o controle remoto para dar um pause, mas tive mesmo que me contorcer mais uma vez na cadeira e seguir em frente.
Na saída do cinema o shopping já estava vazio e deu até medo de ficar num local tão deserto.
É isso, desse jeito, esse negócio não vai durar muito mais tempo. Filme hoje em dia não passa de um seriado que só tem um episódio. Depois a galera reclama que só tem filme merda no Oscar, que só um tapa na cara é capaz de fazer a gente comentar a cerimônia.

QUESTIONÁRIO DA SEMANA

Responda as questões abaixo:

Qual dessas expressões conhecidas define melhor o tapa de Will Smith no Chris Rock
a- Entre tapas e beijos
b- Um tapinha não dói
c- Dar a cara a tapa
d- Um tapa na cara da sociedade
e- O tapa saiu pela culatra

Em qual dessas expressões conhecidas a performance da terceira via nas pesquisas eleitorais melhor se encaixaria:
a- A vaca foi pra terceira via
b- Nem fode nem sai da terceira via
c- Vai de terceira via a pior
d- Desceu ao fundo da terceira via
e- Devagar, quase terceira via

A grande novidade na Tv é o remake de Pantanal. Qual é a expressão que melhor define isso:
a- Chovendo no malhado
b- Panela velha é que faz novela boa
c- Aonde a vaca vai, o boi vai atrás
d- Colocando a novela na frente dos bois
e- Cutucando a onça com a Maria Marruá

CRÍTICOS DE CRÍTICOS

O Crítico em geral é um cara que adora dizer que bom mesmo não é o livro, filme, série, quadro, peça que todo mundo gostou, bom mesmo é outro que só ele conhece. Mas o cara que escreve críticas de cinema, teatro, programas de TV, séries, livros, manuais de instrução e bulas de remédios é um dos poucos caras que pode escrever o que quer porque não tem medo da crítica, ele só tem medo de ser odiado pelo autor criticado, ou talvez tenha medo de não ser odiado. Está faltando um crítico de críticos. A crítica do filme sai no jornal e no dia seguinte viria a crítica da crítica. Mas essa nova profissão tem que ser criada rápido, antes que os jornais e o cinema acabem.
Outro profissional que está faltando no mercado é o comentarista de comentaristas de futebol. A gente assiste ao jogo do nosso time, tendo que aguentar não só os erros do lateral esquerdo e as falhas do goleiro, mas também as bobagens absurdas que os comentaristas, que invariavelmente torcem para o time adversário, falam sobre o nosso time. Se assim que os comentaristas falassem as suas besteiras, o narrador chamasse o comentarista de comentaristas, talvez as transmissões melhorassem.
No futebol, também há necessidade urgente de um comentarista de comentaristas de arbitragens e, principalmente, de um VAR de VAR.

MEMÓRIAS – O ALMANAQUE DA CASSETA POPULAR

O jornalzinho que chamamos de Casseta Popular e que lançamos na Faculdade de Engenharia era bem tosco, mas vendeu direitinho. Assim, eu, Helio e Marcelo resolvemos que valia a pena dar uma melhorada na qualidade do produto. O segundo número não foi rodado no mimeógrafo a álcool da mãe do Helio, mas num mimeógrafo mais parrudo. Eram quatro ou cinco folhas impressas e grampeadas. Ainda bem vagabundo, mas um pouco melhor. A gente vendia de mão em mão e aproveitava a desculpa de estar vendendo um jornalzinho de humor para ir até a Faculdade de Arquitetura , onde o público feminino era maior. Não me lembro se vendemos muitos exemplares para as arquitetas, acho que não, mas a ida até lá era uma aventura interessante. O segundo número vendeu bem também, o jornal era diferente, brincava com as questões da universidade, do movimento estudantil que voltava com muito intensidade naquele momento em que a ditadura estava em seus estertores.

Ainda fizemos mais dois números mimeografados e então partimos para o formato tabloide. Agora a Casseta Popular já podia ser chamada de jornal de verdade. Continuamos vendendo mambembamente, de mão em mão e usando o jornal como ingresso para lugares maneiros ou convites para conversar com pessoas legais. E para fazer o tabloide, que exigia mais material, concluímos que precisávamos chamar mais gente. E chamamos o Claudio Manoel, o Bussunda e o Roni Bala para escrever com a gente.
O Claudio e o Bussunda tinham estudado com o Marcelo no Aplicação. Claudio era da mesma sala do Marcelo, o Bussunda era mais novo, mas já era uma figura. Os dois e mais o Roni tinham frequentado junto com o Marcelo a mesma colônia de férias, a Kinderland. O Marcelo nos apresentou aos três. Logo eu e Helio ficamos amigos deles. Quando pensamos em chamar mais gente, a escolha foi muito fácil, Bussunda, Claudio e Roni já eram nossos amigos, já éramos uma turma. Eles entraram para a redação como se fossem antigos, ficaram a vontade e a redação naturalmente passou a ser nós seis.
Lançamos três números no formato tabloide e chegamos a conclusão que tínhamos que fazer uma revista. Por quê? Não lembro bem, mas talvez o fato de o Planeta Diário já existir e ser no formato tabloide, nos fez pensar em fazer algo diferente. Nós colaborávamos com Planeta Diário desde o primeiro número e batemos um papo com eles, que nos apresentaram para o Jardel, dono da editora Núcleo-3 , que editava o jornal. O Jardel foi muito gente boa, ou muito maluco, e topou publicar a revista.
O primeiro número da revista Almanaque da Casseta popular saiu em 1986, custava 12 cruzados (acho que era essa a moeda) e tinha quarenta e oito páginas. Na capa a foto de um peru (animal) de gravata borboleta. Era apresentada pelo Planeta Diário e trazia a frase: A imprensa marrom agora em quatro cores.
Algumas das chamadas de capa:
Medicina: a cura da psicanálise.
Impotência: como entrar dobrado.
Sexo e asa delta: Pepê pousa no Pepino.
Nenhuma dessas matérias existia no corpo da revista.
A partir daí, a revista deveria ser mensal, mas a gente sempre atrasava, então dizia que a periodicidade não era mensal, mas menstrual, porque as vezes não vinha.
Esse foi o início de verdade da Casseta Popular.

MUSEUS BRASILEIROS

Antes da pandemia, quando a gente ainda podia ir a Europa, era possível visitar museus maravilhosos para se apreciar obras de arte fantásticas. Mas no Brasil é mais difícil. É claro que temos bons museus de arte, alguns excelentes, mas eles sofrem cada vez mais com a nossa crônica falta de grana para a cultura. Atualmente a coisa ainda piorou, sobra dinheiro para quem mata ou desmata, mas o governo acha que investir em arte é mamata.
Mas o Brasil podia investir em outros tipos de museus que não os dedicados a arte. E não precisaria se gastar muito. Existem vários outros temas para se fazer museus bem interessantes no Brasil. Um museu da Obra Inacabada, por exemplo, seria incrível! O museu da obra inacabada podia funcionar num prédio que fosse ele mesmo uma obra inacabada e mostrar como é o processo de uma grande obra sem fim, as paredes sem acabamento, as instalações pela metade…
Outro museu que seria sucesso no Brasil seria o Museu da Propina, mostrando tudo sobre esse tema tão vasto em nosso país, expondo as várias maneiras de se carregar propina, cuecas que levaram propinas famosas, malas entupidas de dólares de políticos importantes. O museu poderia ter uma sala onde explicasse didaticamente como o próprio Museu da propina foi superfaturado.
Aliás, pensando bem, os dois museus podiam ficar no mesmo prédio!