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TUDO ACABA EM PIZZA

Nesses dias em que o Centrão domina o Congresso e manda em Brasília, um deputado resolveu levantar uma questão numa sessão qualquer da Câmara:
– Será que no Brasil tudo tem que acabar em pizza? Até quando os desmandos, as jogadas e as maracutaias nesse país continuarão terminando em pizza? É preciso dar um basta a essa situação!
– Eu concordo com o nobre colega. – Tomou a palavra outro deputado – Eu, como deputado, considero fundamental que se discuta essa questão. Afinal, por que pizza? Pizza  não é um prato típico do Brasil. Pizza é um prato italiano. Já a feijoada sim é um prato que está na mesa dos brasileiros. Então façamos algo que tem mais a ver com o nosso país. Proponho que se inaugure um novo tempo: Que a partir de agora tudo acabe em feijoada!
Então vários deputados começaram a discutir:
– Nobre colega. Concordo com vossa excelência no que se refere a pizza não ser um prato tipicamente brasileiro, mas por que feijoada? O que o brasileiro gosta mesmo é de fazer churrasco. Por que não acabar tudo em churrasco? Imagine o estimulo que isso daria a nossa economia com o aumento do consumo de carne, a geração de empregos no setor agropecuário e o incentivo que isso daria a formação de novos churrasqueiros? Definitivamente, chega de pizza! Que tudo acabe em churrasco!
– O companheiro está propondo isso, porque é do Rio Grande do Sul e está puxando a brasa para a sua sardinha, ou melhor, para o seu churrasco. Como sempre os estados empobrecidos do Nordeste ficam de fora da festa. Eu proponho que se dê um estímulo ao sofrido Nordeste e a partir de hoje, que tudo acabe em buchada de bode!
– O que os nobres deputados estão dizendo ao povo brasileiro? Que se encham de gordura comendo pizzas, churrascos ou buchadas de bode? Que aumentem o seu colesterol e fiquem cada vez mais obesos? Não, de jeito nenhum! Precisamos passar uma mensagem ao povo. Que a partir do hoje tudo acabe em salada verde e comida sem glúten!
– Bobagem! O que precisamos é acabar com o nosso complexo de vira-lata! Por que comer comidas popularescas? Precisamos passar uma mensagem de que estamos caminhando para o primeiro-mundo, de que estamos inseridos no mercado global. É preciso que tudo acabe em alta gastronomia. Que tudo acabe em “Fagiano al Forno con Tartufo Nero”, que aliás, é uma delícia e custa caríssimo!
– E não vamos nos esquecer do vinho francês! – Acrescentou um correligionário.
A partir daí o pau quebrou. Cada um tinha uma opinião diferente e depois de duas horas de acirrada discussão a sessão acabou sem que se chegasse a nenhuma conclusão. Então, os deputados foram comemorar o fim do expediente ao redor de uma bela pizza calabresa.

JABUTI NÃO SOBE EM ÁRVORE

Lá no meio do Cerrado, em meio a um incêndio devastador, sobrou apenas uma árvore. Completamente desfolhada, totalmente queimada, apenas galhos cinzentos e retorcidos, mas ainda de pé. O passarinho, pousado naquela última árvore da região, olhou para o lado e viu um macaco.
– Tudo bem, macaco?
– Tudo certo. Graças a Deus consegui subir nessa árvore, senão ia queimar os meus pés lá embaixo.
– Eu também! – Disse a onça.
– Caramba, tem uma onça nessa árvore! – Assustou-se o passarinho.
– Fica tranquilo passarinho, não vou te comer não. – Disse a onça – Estou solidária às vítimas da queimada.
– Eu também. – Disse a cobra.
– Ai, meu Deus, uma cobra! – Assustou-se o gato.
– Vocês juram que não vão comer ninguém mesmo? – Perguntou a preguiça?
– Fica tranquila, preguiça. – A cobra falou.
– Essa árvore está muito cheia, será que ela vai aguentar o peso de todo mundo? – Perguntou o jabuti.
– Jabuti? O que você está fazendo aqui? – Estranhou o gato.
– É, jabuti não sobe em árvore! – Disse a onça.
– Por quê? Vocês queriam que eu ficasse lá embaixo queimando as minhas patas?
Foi essa a história que o sujeito em Brasília contou para justificar que nos dias de hoje no Brasil , jabuti está subindo em árvore direto!

BONS COSTUMES

Os apoiadores do presidente dizem defender a família e os bons costumes. Mas segundo as normas conhecidas dos bons costumes, não se deve falar palavrão em público. Para essa norma os apoiadores não estão nem aí. Assim como o presidente, eles cagam para isso.
– Mas não se pode nem falar uma merda de um palavrãozinho? Puta que pariu! Por quê? – Pergunta o apoiador dos bons costumes.
– Porque o ocupante do cargo de presidente da república deveria prezar pelo decoro.
– Ora, foda-se o decoro! Como é que o presidente vai responder as perguntas que ele não consegue responder sem enfiar um palavrão no meio?
– Talvez fosse mais condizente com o cargo se ele…
– Tô cagando pra isso! Tá com vontade falar palavrão, fala, caralho! – responde o conservador, apoiador do presidente, que é a favor dos bons costumes.
Portanto, a partir de agora falar uma caralhada de palavrões em público parece que já faz parte das novas normas dos bons costumes dos apoiadores do presidente a favor dos bons costumes. Aguardando preocupado as próximas mudanças nos conceitos.

MAL SÚBITO

A cena do Eriksen, jogador dinamarquês, caindo em campo e recebendo massagem cardíaca com todo mundo assistindo foi muito chocante. Graças a Deus ele saiu vivo dali e perece que está bem.
Mas o que aconteceu com o Eriksen para ele desabar daquele jeito? Até agora a explicação foi que ele teve um mal súbito.
Mal súbito é uma explicação que sempre me intrigou. Não parece ser uma doença, soa mais como se o médico tivesse desistido de descobrir o que aconteceu e pra dizer alguma coisa mandasse o tal do “mal súbito”. Seria a mesma coisa de dizer que o sujeito caiu duro de… “Não sei o que”. O que ele teve? Não temos a menor ideia. Aconteceu uma parada estranha pra caramba e ele babau! Quer dizer: Mal súbito.
Mas será que, assim como existe o mal súbito, existe também o bem súbito? O cara está com o coração todo entupido e, de repente, acontece um bem súbito que limpa suas artérias! O cara não tem talento para nada, de repente sofre um bem súbito e ele sai tocando violão e compondo sucessos incríveis! O cara é um presidente negacionista, que gosta de cloroquina e de botar fogo em floresta, de repente, do nada, ele tem um bem súbito e … Não, é melhor não contar com isso.

MOTOCIATAS E MOTOMINIONS

Não sei andar de moto. Nunca soube, nem tive vontade de aprender. Mas fora não concordar com a existência da tal terceira pista de trânsito, aquela que os motociclistas usam no meio das pistas dos carros, de maneira geral não tenho nada contra as motos.
As motos no Brasil são muito populares. É um transporte barato e rápido, principalmente depois do advento da pista exclusiva de motos. O crescimento do mercado de entregas aumentou ainda mais a quantidade de motos que vemos o dia inteiro nas ruas. Ter uma moto no Brasil é uma maneira de se livrar do transporte público. E também uma boa possibilidade de descolar um trocado fazendo delivery.
Mas nas motociatas a favor do Bolsonaro, surgiram para mim duas novidades:
A palavra Motociata, que eu nunca tinha ouvido; e a existência de Motominions, uma categoria que eu não sabia que existia.
Eu entendo que motociata é uma versão motociclística da passeata e da carreata. Só não entendo porque a motociata não se chama motocEata. Sendo uma manifestação política, também poderia ser chamada de motofestação? Ou ainda melhor: motoInfestação? E também não entendo porque numa motociata as motos andam nas pistas dos carros e não na sua pista exclusiva.
Já os motominions me deixam perplexo. Os motociclistas que vão às motociatas não são entregadores de Ifood. Aquilo não é um enorme mutirão de entrega do Rappi. Ali todo mundo é bolsonarista de carteirinha. Além de gostarem de andar armados, ser terraplanistas e não acreditarem em vacinas, os bolsonaristas também são motoqueiros. Se você é bolsominion e não tem moto, se cuida, você está fraquejando e o seu próximo passo pode ser assistir a Globolixo.
Mas a principal coisa que não entendo nas motociatas é porque os motominions não se incomodam de usar capacetes, aquele trambolho enorme que aperta a cabeça, mas acham que usar máscara incomoda. Quem sabe se disséssemos a eles que a máscara é como se fosse o capacete da covid, eles entendessem e passassem a usar?

OS NEGACIOMINIONS

Esses caras que acham que tudo é o contrário do que o mundo acha, já podem saber de mais uma coisa: eles têm um nome, são os Negaciominions.
Aquecimento Global? Mais de 95% dos cientistas da área de climatologia diz que o aquecimento global está aumentando e é perigoso, mas os Negaciominions, que não sabem nem fazer uma conta de somar, acham que os cientistas estão errados. Eles é que sabem tudo e garantem que aquecimento global é balela.
Amazônia? Todo o mundo preocupado com o desmatamento, várias medições por satélite indicando que as queimadas aumentam todo dia, e os Negaciominions defendem o Ministro do um-décimo de ambiente que diz que os madeireiros é que estão certos, que a boa é cortar todas as árvores da Amazônia para garimpar e criar boi.
Pandemia? O Negaciominion leu um textão, assistiu a umas lives aí, recebeu umas paradas no seu grupinho de Whatsapp e agora se considera expert no assunto e manda na lata: máscara é babaquice! Vacina é perigoso! Cloroquina é a solução!
Os Negaciominions acham que a terra é plana e desmatada. Que a vacina chinesa implanta chips de 5G e a de Oxford transforma as pessoas em jacaré. Que cloroquina cura Covid, unha encravada e disfunção erétil.
Os Negaciominios negam a ciência, mas acham que o seu líder máximo, o Bolsonaro, merecia ganhar o Nobel. O Nobel do negacionismo.

PERDIDO EM BRASÍLIA

Enquanto isso em Brasília, um bolsominion está no seu carro rodando há horas. Perdido, ele pede informação para um outro motorista:
– Amigo, por favor, como eu faço para chegar no Palácio do Planalto?
– Ah, é fácil. É só pegar a próxima a esquerda…
– Tá doido? A esquerda não dá. Eu estou indo encontrar com o mito, pô! Não dá pra pegar a direita?
– Não dá. A direita vai dar em outro lugar.
– E se eu seguir em frente?
– Ah, você quer uma terceira via?
– Não! Terceira via de jeito nenhum!
– Então eu não sei te informar.
– Tudo bem. Acho que eu vou perguntar no Posto Ipiranga.
– Se eu fosse você eu não ia não. O Posto Ipiranga não tá mais sabendo informar nada!

PESADELLO NO BBB

O Bolsonaro ainda não arranjou uma vaga para o Eduardo Pesadello. O presidente quer dar uma força para o seu ex-ministro e já pensou em vários cargos, mas ainda não se decidiu. Uma de suas opções foi tentar fazer o ex-ministro entrar na casa do BBB, já que é um dos únicos lugares onde não se fala em covid, coronavírus, pandemia, esses assuntos que chateiam o ex-ministro. Mas para a entrada do Pesadello no BBB, o presidente fez algumas exigências:
– Que o Pesadello nunca, em nenhuma hipótese, tivesse que imunizar alguém.
– Mesmo sem o Dória estar na casa, que o ex-ministro pudesse sempre indicá-lo para o paredão.
– Bolsonaro ameaçou chamar o Exército, caso o seu ex-ministro fosse o mais votado no paredão.
– Pesadello poderia indicar cloroquina e invermectina para os outros brothers como remédio para se escapar do paredão.
– Que Pesadello não participasse da prova do anjo, porque bolsominion que se preza não fica usando asinhas nas costas.
– Que Thiago Leifert fosse demitido e em seu lugar fosse escolhido um general.
– Se algum brother por acaso falasse mal do presidente, que fosse direto para o paredão, de acordo com a Lei de Segurança Nacional.
– Pesadello só participaria do jogo da discórdia se nenhuma pergunta fosse feita a ele.
– As festas do Pesadello seriam festas cívico-militares.
– O ex-ministro não poderia ser chamado de monstro, mesmo se ele fosse escolhido para ser o monstro.
A negociação está difícil e parece que vão ter que arrumar um outro lugar para o ex-ministro se esconder.