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MEMÓRIAS – O TABAJARA FUTEBOL CLUBE

Uma das séries de maior sucesso que lançamos foi o Tabajara Futebol Clube, o pior time do mundo. Talvez tenha sido a série mais longeva do programa. Criar uma série sobre futebol era quase uma obrigação para nós que sempre adoramos o esporte. E era uma maneira de falar do assunto sem necessariamente ser clubista, o que era um problema até dentro do grupo, já que havia torcedores do Flamengo (Claudio, Bussunda e Marcelo), do Botafogo (Helio e Hubert), do Fluzão (eu!) e do Piranhas Futebol Clube, que o Reinaldo, que não tinha time, dizia que era torcedor. Para o Vasco nenhum de nós torcia.
O time foi escalado completo, com onze jogadores, mas apenas três deles eram interpretados por nós, os outros eram figurantes. Os nossos três personagens eram o Marrentinho Carioca, um típico jogador mascarado que acha que é craque, feito pelo Bussunda, cujo bordão era: “Fala sério!”. Eu interpretava o Wanthuirson, um jogador veterano desses que rodaram por todos os times do país e está em final de carreira, e que tinha opinião para qualquer questão dizendo: “Ouça a voz da experiência”. O Reinaldo fazia o Penico, um jogador que o nome já dizia o que fazia em campo, e que era um eterno reserva
Os outros jogadores do elenco eram:
O goleiro Águia, que usava uns óculos com fundo de garrafa.
Samambaia, que tinha um cabelo tal qual a planta.
O enorme zagueiro Duplex.
Dois jogadores “verticalmente prejudicados” o Ruinzinho e o Ruinzinho Gaucho.
O Múmia, todo enfaixado.
O Pirata, que tinha uma perna de pau.
E o craque do time: a Vaca, interpretada por uma vaca mesmo.
Todos os jogadores eram figurantes fixos, foram sempre os mesmos durante todo o tempo que o quadro foi ao ar. Menos a Vaca, que acho que foi interpretada por várias vacas diferentes.
O presidente do clube era o Dr. Barrosinho, interpretado pelo Claudio Manoel, que era um típico cartola brasileiro, que armava mais jogadas que o meio-campo do time, mas que quase sempre davam errado.
Volta e meia Barrosinho contratava um novo craque, que nunca dava certo. Teve o Mesa, o Fenômeno, Dona Izete, Perebocic, Cristiano Depilaldo e vários outros.
Muitos jogadores de verdade foram convidados para estrelar o quadro do Tabajara FC. Me lembro de Romário e Zico, para você ver o sucesso do quadro.

O uniforme do Tabajara FC , criado pela nossa incrível equipe de figurinistas, passou a fazer parte da seleção dos mantos sagrados do futebol brasileiro. Até hoje se vê na rua gente envergando a camisa do Tabajara, nas cores amarelo e lilás. O Tabarara FC teve até um fabricante de verdade. A Le Cock Sportif, uma marca francesa, chegou a lançar a camisa oficial do Tabajara, que durou pouco tempo no mercado, já que a camisa pirata, fabricada em vários pontos do país ganhou a concorrência de lavada.
Existem pelo Brasil afora inúmeros times que se chamam Tabajara FC. Todos se orgulham de envergar a famosa camisa amarelo e lilás do pior time do mundo. E assim eles já tem uma boa desculpa para as suas derrotas.
Em 2019 , o estádio do Mineirão recebeu uma camisa oficial do Tabajara FC, que agora está lá exposta lado a lado com as camisas dos principais times brasileiros.

ENFIA ESSA BANDEIRA…

Se já é difícil entender o que leva uma pessoa a ser juiz de futebol, imagina o cara que está lá só para auxiliá-lo? O bandeirinha é aquele sujeito que entra em campo com uma bandeirinha na mão para fazer cumprir a lei mais difícil de se fiscalizar do mundo: a lei do impedimento.
Para conseguir acertar todas as marcações de impedimento , o bandeirinha precisaria ter , além da bandeira, um olho biônico, que conseguisse ver dois pontos ao mesmo tempo, o que os humanos ainda não conseguem. Nunca na história um bandeirinha acertou 100% de suas marcações. Quando ele acerta metade das marcações de impedimento em um jogo, já dá para se considerar que ele fez um bom trabalho. Já pensou, o engenheiro acertando só metade das obras? O médico acertando metade das operações?
E agora, com o surgimento do VAR, a situação do bandeirinha piorou. Até os 50% que ele achava que tinha acertado ficaram sub-judice, esperando a opinião do VAR.
O bandeirinha tem que decidir em uma fração de segundo se, ao traçar uma linha imaginária paralela a linha de fundo, o corpo do atacante, ou apenas um pedaço da perna ou um fio de cabelo ou o pênis ereto estava dois centímetros na frente do corpo de um defensor ou não. Já o VAR tem vídeo tape, cinco ângulos diferentes, computador congelando a imagem e traçando um monte de linhas, linha azul, linha vermelha, linha amarela e o escambau. E só então, depois de mais de cinco minutos, o VAR dá o seu veredito: O bandeirinha errou!
E então a galera grita:
– Tá vendo? Bandeirinha burro! Ladrão! Comprado! Mercenário! Enfia essa bandeira no rabo!
E aqui reside outra questão complicada para o coitado do bandeira: quando a torcida irritada com o árbitro, manda ele enfiar algo numa área recôndita de sua anatomia, é o apito que ela quer que ele use. Já o bandeirinha não, ele tem que encarar a bandeira, que convenhamos, deve doer bem mais que um pequeno apito.

AUTOAJUDA NO FUTEBOL

Os jogadores de futebol andam estressados.
A situação do time era tão ruim que quando um jogador fazia um gol, no replay ele chutava pra fora. Com a queda iminente para a segunda divisão , o time quase surtou. Depois de tentar todas as mandingas, apelar pra macumba, apelar pro papa e pros espíritos, a diretoria achou que o time precisava de uma terapia. Foi chamado um psicólogo, Depois de examinar o time, o psicólogo deu o seu veredito:
– Eu não consigo curar esse time sozinho. Tem que chamar mais psicólogos.
– Nossa, o caso é mesmo grave. Quantos psicólogos precisa?
– Dez psicólogos pra linha e um psicanalista pro gol. Com esse time que tá aí não dá!

Os jogadores de futebol estão intranquilos.
Um time que estava quase caindo para a terceira divisão, contratou um coach para ajudar o seu centroavante, que não fazia um gol há dois anos. No primeiro encontro, o coach falou:
“Você não é um pereba se você não se achar um pereba. Todo o problema está na sua cabeça, por isso você não consegue acertar nenhuma cabeçada. Você precisa ter mais confiança em você mesmo para fazer gols. Chute a bola numa rede várias vezes ao dia, assim você vai se acostumar com o ato de fazer gols. Se você não consegue chutar a bola na rede do adversário, comece a chutar a bola pra dentro do seu próprio gol, assim você ganha autoconfiança. Se os seus companheiros de time vierem lhe encher de porrada porque você fez gol contra, não se preocupe: a cor roxa é uma cor que traz muita sorte.”

Os jogadores de futebol andam encucados.
O goleiro Wellerson de Oliveira, foi auto ajudado pela autoajuda. Vejam seu depoimento impressionante:
“Eu era um goleiro que não agarrava nenhuma bola rasteira. Em compensação as bolas pelo alto eu deixava passar todas e cheguei a botar pra dentro do gol bolas que iam pra fora. Um dia eu comprei o livro de auto-ajuda Força para frangar, de Paulo Joelho e minha vida mudou. Hoje sou um homem feliz. Continuo frangando por cima, por baixo, pelo lado, por trás e pela frente , mas hoje eu posso dizer que nada disso é em vão. Hoje eu sou um homem que tem uma meta! Inclusive, atualmente ela é a mais vazada do campeonato.”

Os jogadores estão mesmo precisando de ajuda.
Percebendo um novo filão, diversos psicólogos lançaram livros de auto-ajuda para jogadores de futebol. Não perca mais tempo, se você é boleiro e está passando por uma crise , preencha um cheque de r$1.000 e deposite em sua própria conta para já começar a se auto-ajudar. Depois compre um desses novos lançamentos de livros auto-ajudantes:
– A cura através da terapia das bolas passadas
– Eu estou rebaixado, você está rebaixado? – do mesmo autor de Eu estou OK, você está OK?.
– Como ser feliz mesmo entregando o ouro aos 44 minutos do segundo-tempo.
– Como ter o pensamento positivo mesmo com o saldo de gols negativo.
– O poder milagroso do passe certo.
– Só é rebaixado quem quer.
– Como fazer amigos , influenciar pessoas , emagrecer, ficar rico, ser feliz, ser bom pai, ser bom filho , comer todas as mulheres do mundo e ainda conseguir acertar um passe, sem fazer força.
– O terceiro olho, a terceira visão e a segunda di-visão.
E o lançamento especial para cartolas:
Como ser mau-caráter, escroto e safado sem deixar de ser gente boa.

VAR tomar no…

O VAR deu certo? Mais ou menos. Se a ideia era acabar com a discussão, não rolou. A discussão só mudou, quem é que concorda com o VAR quando ele dedura que o atacante do seu time estava impedido quando fez o gol? Quem gosta quando o VAR descobre que o seu zagueiro tocou com a mão dentro da área? O VAR, assim como o juiz, está sempre errado nas marcações contra o time da gente.
Uma das principais mudanças que o VAR trouxe foi aumentar o tempo das partidas. Agora é normal o jogo ir até 51 ou 52 minutos , e quando o acréscimo é só de 2 minutos, todo mundo reclama.
Uma vantagem do advento do VAR é o tempo que a gente tem agora para fazer outras coisas durante a partida. Quando o lance vai para o VAR, é a hora de ir ao banheiro, ou dar aquele telefonema que a gente estava precisando. Outro dia a decisão do juiz demorou tanto, ele viu tantas vezes aquele replay, que eu consegui cancelar um telefone da OI, e ainda voltei a tempo de ver o restante da partida sem perder nada. Aliás, os juízes estão gostando de fazer aquele gesto indicando que viram o lance na tela, reparem na maneira teatral que eles usam para anunciar o veredicto, como são dramáticos ao apontar para a marca do pênalti depois de assistir trocentas vezes o lance. Parece que já tem até cursos de teatro anunciando turmas especiais para juízes.
E o VAR consagrou o impedimento por milímetros. Hoje em dia é fundamental que o jogador corte as unhas antes de cada partida para evitar o impedimento por uma unha! E já tem jogador usando chuteira verde para tentar confundir com a cor da grama e enganar o VAR. Atacante de pau grande corre o risco de estar sempre impedido.
E todo mundo fica intrigado com a quantidade de gente que fica lá na cabine do VAR. Dizem que a conversa ali é muito boa, tanto que volta e meia o juiz para o jogo para falar com a galera da cabine. Muitas vezes ele só quer escutar a piada que os caras contaram e ele não ouviu. E vocês já repararam que aquelas linhas vermelhas e azuis que a galera do VAR traça para definir o impedimento as vezes estão completamente tortas? Deve rolar um goró ali na cabine. E uns petiscos, que ninguém é de ferro.
Mas a boa notícia é que parece que o VAR veio para ficar. Ou talvez seja uma má notícia. Não sei, vamos esperar a decisão do VAR.

O COERENTE INCOERENTE

Um elogio que sempre me incomodou é “coerente”.
“Fulano é um grande sujeito, sempre foi muito coerente”.
É claro que é bom uma pessoa ser coerente quando ela é honesta, boa, dedicada, solidária e mantém seus bons princípios em tudo o que faz.
Mas e se os princípios do sujeito não valem nada?
De que adianta ser coerente se as ideias e atitudes são uma merda?

Um idiota é coerente quando está fazendo algo idiota.
Um babacão é coerente quando está sendo babaca.
Um pereba é coerente quando fura a bola.
Um frangueiro é coerente quando a bola passa por sua mão de alface.
Um bandeirinha vendido é coerente quando aponta impedimento do meu time.
Um tiozão é coerente quando conta pela enésima vez a piada do pavê.
Um mala sem alça é coerente quando enche o saco de todo mundo.
Um chato cutucador é coerente quando fica cutucando sem parar.
Um político ladrão é coerente quando esconde dinheiro na cueca.
Um deputado do Centrão é coerente quando pede um ministério em troca de votos.
Um negacionista é coerente quando está passando covid por se negar a usar máscara.

Então vou logo avisando: Se quiser me elogiar, não diga que sou coerente. Eu posso achar que você está me xingando.

ALGUMAS IDEIAS MANEIRAS (MALUCAS) PARA MELHORAR (PIORAR) O FUTEBOL

LIBERAR AS SUBSTITUIÇÕES – Antigamente não se podia substituir ninguém. Depois inventaram as substituições e um time podia trocar dois jogadores por jogo. Então a coisa evoluiu e passou a ser possível fazer três substituições. A minha proposta é que o time possa fazer quantas substituições quiser. Vocês já viram quando no vôlei o cara entra só para sacar? Imagina se no futebol você tivesse um batedor de faltas oficial, um sujeito que entrasse só para bater faltas e depois saísse? Já pensou? O Rogério Ceni ia jogar até os 80 anos!

ACABAR COM OS BANDEIRINHAS – Os tais auxiliares muitas vezes só auxiliam os torcedores a ficar irritados. Para se acertar todas as marcações de impedimento, seria necessário conseguir olhar para dois lugares ao mesmo tempo e o ser humano não está equipado para isso. Mas com a tecnologia existente já é possível resolver essa questão. É só colocar no uniforme de cada jogador um chip. Outro chip seria colocado na bola. Então, um software genial bolado por algum nerd genial conseguiria saber a localização de cada jogador e da bola em cada instante e assim detectar quando o jogador estivesse impedido. Nesse momento o programa apitaria alguma coisa no ouvido do juiz que assim saberia que tem jogador impedido. Já pensou se fosse possível? Se não for possível, que tal simplesmente acabar com os bandeiras e ver no que dá?

ACHO QUE FOI MÃO – Mão na bola ou bola na mão? Mão intencional ou sem querer? Afinal, foi mão ou não foi? Hoje em dia se gasta muito tempo discutindo lances de mão no futebol. Um tempo que poderia ser usado para assuntos mais importantes como… como… como, sei lá, discutir se um jogador estava impedido ou não. Quem mais sofre com essa indefinição de quando é mão e quando não é no futebol é o juiz. Ora, o juiz também tem o direito de ficar na dúvida como qualquer locutor, comentarista ou torcedor. Para isso, se instituiria uma nova modalidade de falta no futebol que seria o “eu acho que foi mão”. O juiz ficou na dúvida, não tem certeza se foi mão ou não, então ele marca um “eu acho que foi mão”. Como o “eu acho que foi mão” é uma falta menos grave que a mão de verdade, ela teria uma punição mais branda, a cobrança seria sempre em dois lances. Se o “eu acho que foi mão” fosse dentro da área, por exemplo, não seria pênalti, seria tiro livre indireto.

CARTÃO PRETO – O atacante recebe a bola e parte em direção ao gol. Aí surge o zagueiro que vem por trás, salta e dá um verdadeiro golpe de jiu-jitsu no atacante, que cai sangrando e com uma fratura na perna. Ele sai de campo na maca e leva seis meses para voltar a jogar futebol. O juiz faz o que pode fazer nesse caso: dá um cartão vermelho para o zagueiro que vai cumprir um jogo de suspensão ou no máximo uns 3 jogos fora e logo está de volta para dar um mata-leão num outro atacante. Com a instituição do cartão preto, essa situação não existiria mais, porque o jogador que levasse esse cartão não sairia de campo para o vestiário. Quem levasse o cartão preto iria direto para a cadeia.