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CANDIDATOS

Pode pesquisar, nunca um candidato a um cargo público disse:
– Eu quero ser candidato para ter muito poder.
Não, o que eles quase sempre dizem é:
– Eu aceitei o desafio de ser candidato para contribuir com as minhas ideias.
E que ideias são essas, afinal?
Normalmente, a principal ideia que um político tem quando se candidata é… ter poder. De preferência muito poder.
Todo candidato a algum cargo importante sabe como resolver todos os problemas do país. E promete que vai resolver tudo assim que assumir, logo com uma semana de governo.
– Eu vou abaixar a inflação, distribuir comida, zerar o preço da gasolina e criar o vale-churrasco!
– E quais serão exatamente as medidas que o senhor vai tomar, candidato?
– Medidas revolucionárias que ninguém teve coragem de fazer até hoje.
Mesmo quando o sujeito é candidato a reeleição, ele diz que vai resolver a parada toda.
– Eu vou abaixar a inflação, distribuir comida, zerar o preço da gasolina e criar o vale-churrasco!
– Mas o senhor já é governo, por que não faz logo isso tudo?
– Não me deixam. Mas na próxima vão deixar.
– E quais serão exatamente as medidas que o senhor vai tomar, candidato?
– Medidas revolucionárias que ninguém teve coragem de fazer até hoje.
Assim que assumem, os candidatos levam com eles dois verbos muito importantes para o exercício do cargo: descontinuar e contingenciar.
Porque nunca nenhum político que exerce algum cargo importante diz que vai cortar verbas ou detonar projetos. O que eles dizem?
– Vamos contingenciar o orçamento.
Ou:
– Vamos descontinuar tal projeto.
E, assim que assumem, tratam logo de descontinuar as medidas revolucionárias e contingenciar as promessas de campanha.

A GRAÇA SEM GRAÇA

Bolsonaro deixou todo mundo completamente sem graça quando concedeu a graça ao deputado Daniel Silveira para livrá-lo da cadeia. Foi mais um capítulo na desgraçada briga do presidente com o STF. Mais uma gracinha que o presidente fez para elevar o estresse político. Mais um golpe de graça contra a democracia.

A graça é um indulto que o presidente pode fazer em favor de uma pessoa. Como humorista sou contra esse nome para esse ato sem graça. Como é que os humoristas vão continuar a fazer graça , sabendo que graça também é o nome dessa desgraça? Se graça nomeia esse indulto, a graça também pode ser sem graça? E quem recebe uma graça dessas , passa a ser considerado engraçado? Muito sem graça isso para os humoristas. E mais ainda para o Brasil.

QUESTIONÁRIO DA SEMANA

Responda as questões abaixo:

Qual dessas expressões conhecidas define melhor o tapa de Will Smith no Chris Rock
a- Entre tapas e beijos
b- Um tapinha não dói
c- Dar a cara a tapa
d- Um tapa na cara da sociedade
e- O tapa saiu pela culatra

Em qual dessas expressões conhecidas a performance da terceira via nas pesquisas eleitorais melhor se encaixaria:
a- A vaca foi pra terceira via
b- Nem fode nem sai da terceira via
c- Vai de terceira via a pior
d- Desceu ao fundo da terceira via
e- Devagar, quase terceira via

A grande novidade na Tv é o remake de Pantanal. Qual é a expressão que melhor define isso:
a- Chovendo no malhado
b- Panela velha é que faz novela boa
c- Aonde a vaca vai, o boi vai atrás
d- Colocando a novela na frente dos bois
e- Cutucando a onça com a Maria Marruá

GRANDES CACIQUES DO BRASIL

Alguns até acham que nosso país não é mais uma aldeia indígena, mas como ainda temos caciques! Eu estou falando dos caciques políticos, que mandam no país.
Hoje em dia esses caciques são menos conhecidos, só os comentaristas políticos da Globonews, CNN e tais sabem o nome dos donos dos partidos do Centrão. Mas nós, que não temos saco para acompanhar o dia-a-dia da política, não conseguimos decorar o nome desses caras.
Mas, num passado nem tão distante, todo mundo sabia direitinho quem eram os caras que mandavam na política brasileira.
Uma vez, há bastante tempo, fui apresentado a um dos mais poderosos caciques da país: o poderoso Antônio Carlos Magalhães, o ACM, que foi “dono” da Bahia.
Meu encontro com ACM aconteceu em um hotel na Praia do Forte, na Bahia, onde estava hospedado com a minha família. ACM também estava hospedado nesse resort. Eu estava tomando um banho de mar com a minha filha. Quando saímos do mar, fomos nos lavar num chuveirinho que havia na beira da praia. Foi dali que eu avistei o homem, a uns dez metros. ACM estava ao lado de um assessor que já havia conversado comigo, e que me chamou. Mandei a minha filha para a barraca onde estavam meus pais e, meio sem jeito, me aproximei. O assessor me apresentou ao homem:
 – Esse é o Beto Silva do Casseta & Planeta.
ACM não falou nada, só ficou olhando para a minha cara. Sem saber o que fazer ou dizer, desandei a falar um monte de bobagens, falei do tempo, falei do hotel, disse que o meu pai era baiano, que o meu avô também… O homem só olhava para a minha cara e respondia com monossílabos. Ao final me despedi e fui  para a barraca onde estava com a minha família.
 – Você viu? – perguntei para a minha mãe.
 – Vi. Você falou com o ACM.
 Então minha mãe apontou para o meu nariz.
 – Que foi? – perguntei sem entender.
 – O nariz – minha mãe falou.
 – O que que tem o nariz? – perguntei.
 – Tem uma meleca descendo. – minha mãe explicou.
 Sabe aquelas cobrinhas de catarro que descem do nariz quando a gente entra na água? Pois é, uma dessas melecas estava lá descendo desde a minha narina esquerda até quase a boca. Eu só consegui olhar em direção a barraca do ACM e pensar: Será que foi por conta do meu catarrão que o homem me olhava tanto?
Pois é, foi assim o meu encontro com o poderoso ACM.
Algumas pessoas acharam essa história nojenta, mas outras consideraram um ato político!

EMPESSEGAMENTO

Impeachment é mais uma daquelas palavras que a gente fala direto em inglês, sem traduzir. Acho que essa ela apareceu para as pessoas comuns na época do Collor, quando até se deve ter pensado em traduzir, mas não dava para perder tempo com isso, então ficou impeachment mesmo.
Provavelmente alguém pensou em dar uma aportuguesada na palavra, escrevendo empichamento, mas talvez tenham concluído que assim ficaria muito perto do verbo pichar, o que pegava mal. Apesar de que o impeachment normalmente acontece quando o nível de pichação ou empichamento cresce a um nível tal que não dá mais para segurar e só o impeachment resolve.
Uma tradução para Impeachment seria Impedimento. O impedimento na política, assim como no futebol, é sempre polêmico. No caso do futebol, há um bandeirinha, que está lá só para assinalar o impedimento. Além do VAR, com suas linhas azuis e vermelhas. Mas a decisão final é sempre do juiz.
Na política brasileira, quem está nesse papel de dizer se vai ou não ter um processo de impeachment é o presidente do Congresso, que torce para o time do presidente e não marca impedimento nunca. Não adianta o bandeirinha levantar a bandeira, nem o VAR avisar, que o juiz não liga, ele não está nem aí.
Impeachment também poderia ser traduzido como empessegamento, já que peach é pêssego em inglês. O presidente do Congresso está sentado em cima de 120 pedidos de empessegamento. Todos esses pêssegos já devem estar podres e, portanto, já sujaram bastante os fundos das calças do presidente do Congresso, mas ele não faz nenhuma menção de que vai se levantar para trocar as calças.
Enquanto isso, o presidente vai cada vez mais virando um pêssego, ou seja, já não tem mais capacidade de governar. Apesar de que, em alguns casos, um pêssego seria melhor na presidência do que essa figura que ocupa o cargo. O pêssego pelo menos não afronta os outros poderes.

TUDO ACABA EM PIZZA

Nesses dias em que o Centrão domina o Congresso e manda em Brasília, um deputado resolveu levantar uma questão numa sessão qualquer da Câmara:
– Será que no Brasil tudo tem que acabar em pizza? Até quando os desmandos, as jogadas e as maracutaias nesse país continuarão terminando em pizza? É preciso dar um basta a essa situação!
– Eu concordo com o nobre colega. – Tomou a palavra outro deputado – Eu, como deputado, considero fundamental que se discuta essa questão. Afinal, por que pizza? Pizza  não é um prato típico do Brasil. Pizza é um prato italiano. Já a feijoada sim é um prato que está na mesa dos brasileiros. Então façamos algo que tem mais a ver com o nosso país. Proponho que se inaugure um novo tempo: Que a partir de agora tudo acabe em feijoada!
Então vários deputados começaram a discutir:
– Nobre colega. Concordo com vossa excelência no que se refere a pizza não ser um prato tipicamente brasileiro, mas por que feijoada? O que o brasileiro gosta mesmo é de fazer churrasco. Por que não acabar tudo em churrasco? Imagine o estimulo que isso daria a nossa economia com o aumento do consumo de carne, a geração de empregos no setor agropecuário e o incentivo que isso daria a formação de novos churrasqueiros? Definitivamente, chega de pizza! Que tudo acabe em churrasco!
– O companheiro está propondo isso, porque é do Rio Grande do Sul e está puxando a brasa para a sua sardinha, ou melhor, para o seu churrasco. Como sempre os estados empobrecidos do Nordeste ficam de fora da festa. Eu proponho que se dê um estímulo ao sofrido Nordeste e a partir de hoje, que tudo acabe em buchada de bode!
– O que os nobres deputados estão dizendo ao povo brasileiro? Que se encham de gordura comendo pizzas, churrascos ou buchadas de bode? Que aumentem o seu colesterol e fiquem cada vez mais obesos? Não, de jeito nenhum! Precisamos passar uma mensagem ao povo. Que a partir do hoje tudo acabe em salada verde e comida sem glúten!
– Bobagem! O que precisamos é acabar com o nosso complexo de vira-lata! Por que comer comidas popularescas? Precisamos passar uma mensagem de que estamos caminhando para o primeiro-mundo, de que estamos inseridos no mercado global. É preciso que tudo acabe em alta gastronomia. Que tudo acabe em “Fagiano al Forno con Tartufo Nero”, que aliás, é uma delícia e custa caríssimo!
– E não vamos nos esquecer do vinho francês! – Acrescentou um correligionário.
A partir daí o pau quebrou. Cada um tinha uma opinião diferente e depois de duas horas de acirrada discussão a sessão acabou sem que se chegasse a nenhuma conclusão. Então, os deputados foram comemorar o fim do expediente ao redor de uma bela pizza calabresa.

JABUTI NÃO SOBE EM ÁRVORE

Lá no meio do Cerrado, em meio a um incêndio devastador, sobrou apenas uma árvore. Completamente desfolhada, totalmente queimada, apenas galhos cinzentos e retorcidos, mas ainda de pé. O passarinho, pousado naquela última árvore da região, olhou para o lado e viu um macaco.
– Tudo bem, macaco?
– Tudo certo. Graças a Deus consegui subir nessa árvore, senão ia queimar os meus pés lá embaixo.
– Eu também! – Disse a onça.
– Caramba, tem uma onça nessa árvore! – Assustou-se o passarinho.
– Fica tranquilo passarinho, não vou te comer não. – Disse a onça – Estou solidária às vítimas da queimada.
– Eu também. – Disse a cobra.
– Ai, meu Deus, uma cobra! – Assustou-se o gato.
– Vocês juram que não vão comer ninguém mesmo? – Perguntou a preguiça?
– Fica tranquila, preguiça. – A cobra falou.
– Essa árvore está muito cheia, será que ela vai aguentar o peso de todo mundo? – Perguntou o jabuti.
– Jabuti? O que você está fazendo aqui? – Estranhou o gato.
– É, jabuti não sobe em árvore! – Disse a onça.
– Por quê? Vocês queriam que eu ficasse lá embaixo queimando as minhas patas?
Foi essa a história que o sujeito em Brasília contou para justificar que nos dias de hoje no Brasil , jabuti está subindo em árvore direto!

MOTOCIATAS E MOTOMINIONS

Não sei andar de moto. Nunca soube, nem tive vontade de aprender. Mas fora não concordar com a existência da tal terceira pista de trânsito, aquela que os motociclistas usam no meio das pistas dos carros, de maneira geral não tenho nada contra as motos.
As motos no Brasil são muito populares. É um transporte barato e rápido, principalmente depois do advento da pista exclusiva de motos. O crescimento do mercado de entregas aumentou ainda mais a quantidade de motos que vemos o dia inteiro nas ruas. Ter uma moto no Brasil é uma maneira de se livrar do transporte público. E também uma boa possibilidade de descolar um trocado fazendo delivery.
Mas nas motociatas a favor do Bolsonaro, surgiram para mim duas novidades:
A palavra Motociata, que eu nunca tinha ouvido; e a existência de Motominions, uma categoria que eu não sabia que existia.
Eu entendo que motociata é uma versão motociclística da passeata e da carreata. Só não entendo porque a motociata não se chama motocEata. Sendo uma manifestação política, também poderia ser chamada de motofestação? Ou ainda melhor: motoInfestação? E também não entendo porque numa motociata as motos andam nas pistas dos carros e não na sua pista exclusiva.
Já os motominions me deixam perplexo. Os motociclistas que vão às motociatas não são entregadores de Ifood. Aquilo não é um enorme mutirão de entrega do Rappi. Ali todo mundo é bolsonarista de carteirinha. Além de gostarem de andar armados, ser terraplanistas e não acreditarem em vacinas, os bolsonaristas também são motoqueiros. Se você é bolsominion e não tem moto, se cuida, você está fraquejando e o seu próximo passo pode ser assistir a Globolixo.
Mas a principal coisa que não entendo nas motociatas é porque os motominions não se incomodam de usar capacetes, aquele trambolho enorme que aperta a cabeça, mas acham que usar máscara incomoda. Quem sabe se disséssemos a eles que a máscara é como se fosse o capacete da covid, eles entendessem e passassem a usar?