EU E MINHA IMPRESSORA

Eu me dou bem com a maioria dos aparelhos eletrônicos. Sou amigo do meu celular, que me acompanha o dia inteiro, em todos os lugares que vou e nunca reclama. Gosto do meu lap-top, que geralmente faz o que eu quero e não dá muitos palpites. E não tenho grandes problemas com o meu computador de mesa, que não tem ciúmes por eu ultimamente estar usando mais o lap-top do que ele. Mas a minha relação com a impressora é bem problemática. Eu nunca xinguei o meu computador, nunca tive tretas com o meu lap-top, nunca discuti com o meu celular, mas com a impressora as DRs são frequentes. É só eu tentar imprimir um arquivo com mais de cinco folhas para ela resolver parar lá pela sétima página e mandar uma mensagem para o computador dizendo que não pode mais imprimir por um motivo ininteligível qualquer. Eu ainda tento ser paciente com ela, já sei que a nossa relação é difícil, recoloco as folhas e tento de novo. O erro acontece mais uma vez. Eu tiro da tomada e ligo de novo. Ela insiste em não funcionar e manda outro recado no computador, outro erro desconhecido. Depois da quinta tentativa eu não aguento e começa a gritaria e os xingamentos. É sempre assim.
Mas ontem, quando eu estava no meio da minha gritaria habitual, xingando a impressora, ela resolveu voltar a funcionar. Mas em vez de mandar o meu texto, ela imprimiu apenas uma pergunta:
“Por que você está gritando comigo?”
Mesmo pasmo, eu respondi:
– Por que você não imprime o meu texto?
Ela imprimiu outra folha:
“Precisa gritar? Não tem educação, não? Eu não tenho culpa que você não sabe me usar direito”
Eu gritei de volta:
– Como assim? Você nem tem botões! É só esse liga/desliga e esse outro botão que não deve nem ter função.
Mais uma folha saiu da impressora:
“Que tal pedir com educação? Não sabe falar por favor?”
– Tá bom! Por favor, se não for muito incômodo, seria muito pedir para você imprimir o meu texto direitinho, sem perder muito papel? Por favor!
A impressora voltou a imprimir o meu texto. Mas só até a página 9. Na 10 ela encrencou de novo.
– Pô, impressora, eu pedi com educação.
Ela imprimiu uma folha:
“Foi mal. É a força do hábito. Pode gritar de novo, que eu aguento numa boa.”

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