CANDIDATOS

Gosto de assistir ao horário eleitoral na TV. Nem tanto para saber quais são os programas de governo ou as intenções de cada candidato. O que gosto mesmo é de anotar os nomes dos candidatos. E aqui vai uma pequena leva de candidatos com seus nomes “diferentes”:
Gabigol da torcida – Sósia do Gabigol, mas não deve entrar em campo mais uma vez.
Aranha – que se apresenta com roupa de homem-aranha. Será que é o super-herói?
Cris gêmeas – São duas gêmeas idênticas. Não entendi se as duas são candidatas, se vão revezar e se as duas se chamam Cris.
Ana do Jornal – Só não disse de que jornal.
Sebastião do Carro de Som – Espero que não passe na minha rua.
Letícia Pires do Megafone – Deve fazer menos barulho do que o do carro de som.
Val Meliga – Mas não deixou o telefone.
Marcia das Galáxias – Veio de tão longe para ser candidata no Brasil?
Renata Limpando o Rio – Ela já está limpando ou só vai limpar se for eleita?
E alguns candidatos profissionais:
Lili Soldadora
Daniele Rodoviário
Marquinho Bombeiro
Priscila Bombeira
Rogério do Salão
Juninho do Pneu
Locutor Rogério Barbosa
E os localizados:
Marcelinho do Ciep
Ione Favela
Binho Favela
Valdecy da Sáude
Carlinhos BNH
E tem também os tipos físicos:
Anão Montanha
Rebeca Gordinha
E os candidatos de alguém:
Cristiane do Luis Fernando
Daniela do Waguinho
Esses candidatos são todos do Rio. E no seu estado, também tem algum nome maneiro de candidato?

ROCK IN RIO

O Rock in Rio vai começar de novo. Vamos ter a oportunidade de ver grandes astros do rock’n roll atual como Justin Beeber e Dua Lipa.
Velhos roqueiros como eu podem até reclamar que não é um festival de rock, mas isso é só inveja porque não vão estar lá. A verdade é que o Rock in Rio é gigante.
E temos que admitir que o rock ainda está vivo, várias bandas de rock continuam ativas e vários estilos de rock’n roll estarão representados no Rock in Rio. Alguns deles:
Rock pesado – são as bandas que os integrantes envelheceram e engordaram e agora estão bem pesados.
Rock Progressivo – As que os integrantes que não ficaram carecas, fizeram escova progressiva.
Rock de garagem – As que estacionaram nos anos 80 do século passado.
Rock alternativo – As que os integrantes mantiveram o nome da banda, mas alternaram todos os integrantes por uma galera mais jovem.
Por outro lado, tem gente maldosa que diz que só existem dois tipos de bandas de rock: as revoltadinhas e as que só querem encher o rabo de dinheiro.
As primeiras, quando enchem o rabo de grana deixam de ser revoltadinhas. E as que só querem encher o rabo de grana, quando não conseguem , ficam revoltadinhas.
É isso aí! Viva o Rock’n roll!

FIGURINHAS

Coleciono as figurinhas da Copa desde o século passado. Tenho os Álbuns das Copas do Mundo de 1990, 1994, 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018. Todos completos ou quase. O de 2002 eu fiz, mas perdi em alguma mudança, mas ainda acredito que um dia vou encontrar.
É claro que estou fazendo o álbum dessa Copa. Eu adoro esse passatempo, e, ao contrário do que muita gente acha, não considero uma atividade de crianças, pelo contrário, com o pacote custando 4 reais cada um, não há criança que possa colecionar, a não ser que o pai faça junto.
O adulto que coleciona figurinhas tem alguns problemas que crianças e adolescentes não tem. Eles tem poder aquisitivo para bancar a compra das figurinhas, mas não tem a hora do recreio para poder trocar figurinhas. Porque depois de um tempo, não adianta mais comprar, é preciso trocar figurinhas. Sempre há a possibilidade de mandar um email para editora e pedir os cromos que faltam, mas para mim essa opção não vale, acho até que não é eticamente válida para um verdadeiro colecionador de figurinhas da Copa.
Esse álbum trouxe algumas novidades. A numeração é por seleção, o que eu não gostei, fica mais difícil de colar e também para ordenar as duplicatas. Achei que o álbum tem também muitas páginas de anúncios, e pior, um mais feio que o outro. Pô, precisa mesmo colocar essas propagandas?
Por falar em valor dos pacotes, já no meu segundo dia de álbum deparei com um jornaleiro espertinho querendo cobrar 6 reais por pacote com uma desculpa de que o distribuidor estava tendo problema com o frete, blábláblá que mal escutei, parti para a próxima banca que cobrava o preço normal, que já é anormal.
Para terminar vai aí uma foto do meu trabalho sério de administrar a colagem das figurinhas.

NOVOS SUPER-HERÓIS

Dois novos super-heróis que já estão na fila para ficarem famosos, mas não sei se vão conseguir:
SPOILER-MAN – Um ex-funcionário da Netflix, que enquanto fuçava os arquivos da empresa, foi picado por uma aranha radioativa viciada em séries. O Spoiler-man tem o poder de saber os finais de todos os seriados de todos os streamings e pior: ele adora usar os seus poderes! Se você estiver assistindo a um seriado preste atenção, pois o Spoiler-man pode estar por perto!
BETMAN – Super-herói viciado em apostas. Assim como o Batman, ele não tem nenhum poder, apenas o poder da grana, mas perdeu tudo com as suas apostas.

MINHA HISTÓRIA INFORMÁTICA

Eu me lembro da primeira vez que usei um computador . Foi na faculdade , em 1978 eu acho. Não existia essa parada de computador pessoal. A gente usava o mainframe da universidade, que era um troço gigante, provavelmente com um processador menor que um iphone. Tinha que se perfurar os cartões numas máquinas e depois a gente pegava a pilha de cartões e entrava na fila da leitora de cartões. Tela? Pra que, pra ver TV? Não tinha isso não, o resultado saía impresso. E a fila para pegar o seu resultado na impressora era grande também.
Me lembro da primeira vez que usei um computador de mesa. Esse já tinha tela. A dica que recebi foi: “quando inserir o disquete, não esquece de digitar control C, hein!” A gente dava comandos na tela, não existia Windows e o mouse mais conhecido ainda era o Mickey. O editor de textos que eu usava se chamava Wordstar. Não tinha versão nacional, tinha uma adaptação. Então para se colocar acentos era preciso digitar control alguma coisa.
Eu me lembro da primeira vez que acessei a internet. Deve ter sido em 1993 ou 1994. Foi um momento marcante, tão importante que me recordo direitinho do local em que estava. Eu segui as instruções que alguém me deu. A gente então ouvia o barulho que acontecia quando se acessava a internet. Os mais antigos lembram, o som era bem típico: Rrrrrrr shhhhhh timmmmm… E então, depois de um ou dois minutos de barulho, aparecia uma tela bem tosca, onde, seguindo ainda as instruções digitei o endereço do museu do Louvre e… abracadabra: apareceu o site do museu! Cliquei num quadro e ele apareceu na tela. Fiquei impressionado, maravilhado! Eu estava em contato direto com o Louvre! Vi uns três ou quatro quadros e então… e então… pois é… o que fazer? Não tinha a menor ideia. Naquele tempo não havia Google ou coisas parecidas , então meu encantamento foi cedendo e eu saí do computador.
Me lembro também do primeiro celular que usei. A minha mulher estava grávida e eu peguei um celular emprestado de um amigo para ela poder me avisar quando chegasse a hora. Naquele tempo não era qualquer um que tinha celular, e o meu amigo foi legal e me emprestou o trambolho que pesava mais de um quilo e não cabia no bolso. O ano foi 1994, e já existiam celulares no Brasil, mas acho que só começaram a funcionar muitos anos depois.
Essa minha história informática me voltou porque outro dia me fiz a seguinte pergunta: Como é que eu fiquei tanto tempo da minha vida sem internet?
Essa pergunta surgiu depois que passei uma tarde inteira sem internet aqui em casa. Estranhamente nada muito grave aconteceu. Fiquei um tempo sem dancinhas no Tiktok, sem tretas idiotas no Twitter, sem textões (como esse) no Facebook, sem publis de celebridades no Instagram. E , incrivelmente sobrevivi a tudo isso. Foi uma linda história de superação.

SEPARAÇÕES

Um fenômeno silencioso vem acontecendo e pode mudar toda uma área da cultura brasileira. As duplas sertanejas andam brigando e se separando.
Simone e Simaria vivem em estado de treta e a gente não sabe se fica do lado da Simone ou da Simaria. Até porque ainda não descobrimos qual é a Simone e qual é a Simaria e também não sabemos ainda como se fala, se Simária ou Simaría.
Zezé di Camargo e Luciano também não se falam mais, nem cantam mais juntos. A única coisa que parece que ainda fazem juntos é dar socos. Um no outro.
Bruno e Marrone brigam o tempo todo. Mas todas as vezes que eles anunciam a separação, um empresário os contrata para mais um show e eles adiam mais um pouco.
Muita gente no setor já está preocupada que essa febre de brigas e separações sertanejas possa piorar e virar uma epidemia. Já pensou? Haja vacina!
Por conta disso algumas duplas mais jovens já estão pensando em maneiras de evitar as brigas ou pelo menos, a separação, que quase sempre é litigiosa, o que custa muito caro.
Algumas das atitudes que as novas duplas andam tomando:
– Hoje em dia as duplas sertanejas já são formadas com três integrantes. Assim, quando dois deles saem no tapa e um abandona a dupla, ainda sobram dois para formar a dupla.
– Não tem mais aquele de negócio de primeira e segunda voz. Eles fazem uma média das vozes, os dois fazem uma voz e meia.
– Eles agora revezam os nomes das duplas, para evitar a ciumeira. Um dia um dos nomes é o primeiro e depois o outro. Assim, num final de semana é Fulano & Siclano e no final de semana seguinte é Siclano & Fulano.

TÔ SEM TROCADO

Fui andar na praia. É normal que no calçadão tentem me vender varios produtos: côco, Sorvete, mate ou então que eu seja abordado por pedintes. Mas essa semana me ofereceram algo diferente. Umas duas ou três pessoas com aquele pirulito preso na cintura distribuiam folhetos e apregoavam:
– apartamente em Ipanema de frente pro mar! 3 e 4 quartos!
Fiquei sem saber o que responder. Se dizia:
– Agora não, obrigado .
Ou
– Deixa pra amanhã .
Ou
– Tô sem trocado agora.

AMIGO POLÍTICO

Eu tenho um amigo que virou político. Na verdade, não o vejo há muito tempo, desde a época da faculdade. Assim que saiu da faculdade ele se meteu na política e logo conseguiu ser deputado federal.
Outro dia eu esbarrei com o velho conhecido na rua, fazendo campanha para se reeleger. Veio pedir o meu voto.
– Desculpa, mas é que eu acompanho a sua carreira e não concordo muito com as suas propostas… – expliquei.
– Bobagem! Proposta não tem importância.
– Eu também não gosto muito do seu partido.
– Não se preocupe com isso não, que eu já mudei de partido!
– Mudou? Mas eu li no jornal você dizendo que era leal, que era um soldado do partido?
– É, eu era soldado, mas mudei de partido e virei sargento, e aí mudei de novo e passei a ser tenente!
– Mas você muda de partido como muda de cueca! – Me arrependi imediatamente de falar isso quando lembrei que o cara foi pego com grana na cueca e certamente se preocupou em trocá-la para não sujar o dinheiro.
– Que isso, amigo? Na verdade, o meu partido é sempre o mesmo, é só a sigla que muda uma letrinha.
– Pois eu não gosto muito dessa sopa de letrinhas.
– É, já entendi que você não gosta de sopa. Mas deve gostar de churrasco! Você está convidado para o churrascão que vou fazer no fim de semana, lá em Búzios!
– Você tem casa em Búzios?
– Claro! Você quer que eu pegue sol onde? Naquele gramadão em frente ao Congresso?
– Mas como você conseguiu comprar uma casa em Búzios tendo sido político a vida toda?
O cara me olhou como se eu fosse um marciano.
– Rapaz, você é meio estranho… Não acredito que ainda é aquele idealista da faculdade!
– Um pouco. Você é que mudou muito.
– Pois eu ainda tenho um ideal!
– É? Qual é o deu ideal?
– O meu ideal é conseguir o Ministério dos Transportes. Mas se rolar o da Pesca já tá legal.

CANDIDATOS

Pode pesquisar, nunca um candidato a um cargo público disse:
– Eu quero ser candidato para ter muito poder.
Não, o que eles quase sempre dizem é:
– Eu aceitei o desafio de ser candidato para contribuir com as minhas ideias.
E que ideias são essas, afinal?
Normalmente, a principal ideia que um político tem quando se candidata é… ter poder. De preferência muito poder.
Todo candidato a algum cargo importante sabe como resolver todos os problemas do país. E promete que vai resolver tudo assim que assumir, logo com uma semana de governo.
– Eu vou abaixar a inflação, distribuir comida, zerar o preço da gasolina e criar o vale-churrasco!
– E quais serão exatamente as medidas que o senhor vai tomar, candidato?
– Medidas revolucionárias que ninguém teve coragem de fazer até hoje.
Mesmo quando o sujeito é candidato a reeleição, ele diz que vai resolver a parada toda.
– Eu vou abaixar a inflação, distribuir comida, zerar o preço da gasolina e criar o vale-churrasco!
– Mas o senhor já é governo, por que não faz logo isso tudo?
– Não me deixam. Mas na próxima vão deixar.
– E quais serão exatamente as medidas que o senhor vai tomar, candidato?
– Medidas revolucionárias que ninguém teve coragem de fazer até hoje.
Assim que assumem, os candidatos levam com eles dois verbos muito importantes para o exercício do cargo: descontinuar e contingenciar.
Porque nunca nenhum político que exerce algum cargo importante diz que vai cortar verbas ou detonar projetos. O que eles dizem?
– Vamos contingenciar o orçamento.
Ou:
– Vamos descontinuar tal projeto.
E, assim que assumem, tratam logo de descontinuar as medidas revolucionárias e contingenciar as promessas de campanha.

CANCELANDO O CANCELAMENTO

É muito fácil cancelar uma pessoa nas redes sociais, difícil é cancelar um telefone ou um serviço de tv a cabo. Eu tentei outro dia. Liguei, passei pelos inúmeros números que eles te obrigam a teclar, até que, depois de uns quinze minutos, consegui chegar a uma opção que prometia que eu falaria com uma pessoa. Cliquei no número e uma mensagem me avisou que a qualquer momento um especialista iria me atender. Fiquei esperando o tal especialista escutando uma música. Na verdade, eu deduzi que se tratava de uma música, porque a qualidade da ligação era tão ruim, que mal dava para distinguir o som que me era oferecido. Munido de uma paciência que eu nem sabia que tinha, esperei mais de vinte minutos escutando aquele ruído, até que uma pessoa atendeu. Devia ser o tal especialista, mas a ligação era horrível, e eu só consegui entender o alô.
– Alo, rshshsrra sshrra…
Eu fingi que entendi e mandei:
– Boa tarde, eu queria cancelar o meu telefone.
A pessoa falou algo incompreensível.
– Eu não entendi, a ligação está péssima. Você pode repetir?
Ele repetiu e eu entendi ainda menos. Então o especialista disse algo que eu entendi:
– Aguarde um minuto…
O telefone ficou mudo e eu constatei que a noção de tempo nessas ligações é bem diferente da minha. Um minuto naquele mundo correspondia a uns 8 minutos na vida real. Foi mais ou menos o tempo que demorou para finalmente o atendente voltar à ligação. Apesar dos chiados eu consegui entender o que ele falou
– Vou transferir o senhor para o setor responsável.
Nem tive tempo de falar nada, o ruído que deveria ser música assumiu mais uma vez o comando. Esperei mais dez minutos ouvindo a mesma música do capeta, até que outro atendente surgiu e a situação se repetiu da mesma maneira, só que dessa vez, depois de uns vinte minutos, em vez de o atendente me transferir de novo, a ligação caiu. Cheguei a sentir um alívio por não ter entrado a musiquinha insuportável mais uma vez.
Então tive uma ideia. E se eu ligasse para o setor de vendas ? Quem sabe ali eu conseguisse falar com alguém! Liguei e tudo mudou. Era outro mundo. A ligação foi atendida no segundo toque por uma atendente simpática, com voz aveludada, numa ligação clara e límpida, acho que o som era em surround, uma beleza!
– Boa tarde, o senhor gostaria de comprar algum de nossos produtos?
– Na verdade eu queria falar com alguém da companhia sobre um problema que estou tendo.
– Eu vou ajudar o senhor.
– Ah, que bom!
– Imagina! Mas qual é o seu problema?
– O meu problema é que eu não estou conseguindo cancelar o telefone.
– Sem problema, senhor. Vou transferi-lo imediatamente para o nosso setor de cancelamentos.
E então a simpaticíssima atendente da área de vendas sumiu e eu voltei ao infernal mundo do cancelamento, mais uma vez ao som do insuportável ruído musical do capeta.